sábado, julho 23, 2005

The Return Of A Pensar Na Morte Da Bezerra

Ok! Sao 2 da manha, estao 34º e 95% de humidade no ar. O que equivale a dizer que estou a suar em bica, e a beber litros de àgua para repôr. Por isso nao sei se tenho as ideias muito claras, mas vamos a isto. Perdoem-me a falta de acentos, mas o computador onde escrevo nao é o meu, e o teclado nao tem til.
As reacçoes à ultima posta em que me pus a pensar na morte da bezerra, trouxeram outros elementos ao debate. Nomeadamente, o Rogério Charraz falou no elemento coerência, do ponto de vista de que deveriamos fazer aos outros o que gostamos que nos façam, e vice-versa. Ideia essa atribuída a um tal Jesus, que segundo reza a lenda, era um revolucionário na sua época. Parece-me bem que essas ideias ainda sao revolucionárias ainda hoje, pois conheço muito pouca gente capaz de pôr em práctica essa famosa coerência. Nem sequer falar em pensar ao de leve o facto de se deixarem pregar na cruz, como parece que aconteceu ao rapaz, pelo simples facto de ser coerente. Obviamente nao é necessário chegar a tais extremos, mas decididamente acho pouco edificante que a nossa sociedade ache perfeitamente normal a falta de coerência. E acha tao normal a falta de coerência, que julgo que o substantivo apropriado para esse sentimento, se chama demagogia. Ora isso todos sabemos (uns mais, outros menos) que é práctica comum entre a classe política, e que aparte de ser considerado uma coisa normal, é exibida com apanágio. Inclusivamente, (entre a classe política) quem melhor seja demagogo no seu discurso, melhor político será.
Mas deixemos isso, por agora (senao isto nao acaba nunca). Senso comum e coerência. O que é isto? Bem, quanto ao senso-comum, muito ainda haverá por dizer, mas sendo grosseiramente pragmático, vamos supôr que é o tal conjunto de valores que permite practicar a sabedoria, esta resultado de um conhecimento (ou experiência), e este resultado de informaçao absorvida. Agora, coerência? Sendo pragmaticamente grosseiro de novo, arrisco dizer que a coerência é o viver e actuar de acordo com o que nós próprios acreditamos, com os nossos valores, em definitivo, com o nosso senso-comum. E aqui começam as contradiçoes! Vamos lá a ver se nao me baralho.
Comecemos pelo senso-comum. O senso-comum (grosso modo) diz-nos o que está bem e o que está mal. Mas eu, que sou um egocêntrico, e este é o meu blog, e eu falo de mim aquilo que me apetecer, sem cargos de consciência. Como dizia, eu, já nao acredito nessa treta dos filmes de cobóis, e da biblia, dos bons e dos maus. Nem do ying e do yang, nem das forças brancas, nem das forças negras, e o diabo que os carregue! As coisas, as pessoas e os bichos nao sao bons nem maus, sao aquilo que sao, e ponto final! Acontece que temos uma resistência tremenda áquilo que nao entedemos, e como nao entedemos, vêm ao de cima as nossas inseguranças, consequência dos nossos medos. Por conseguinte, aquilo que nao entedemos e nao nos é agradável, é mau, e aquilo que sim, é bom. Vocês, nao sei, mas eu acho isto um bocado infantil. Nomeadamente, porque nos condiciona a vida de uma forma estúpida, pois toda a gente quer ser dos bons. E quando gente assim tem poder nas maos, a coisa pode inclusive ser perigosa! Isto para nao falar do facto de que, partindo do ponto de vista do mal e do bem, cada coisa tem o seu contrário. Como resultado, para os que se consideram bons, os maus sao maus, e para os considerados maus, sao os que se consideram bons é que sao maus, e vice-versa (nao sei me estou a explicar bem).
No entanto, acredito mais no senso-comum como uma inteligência instintiva, e parece-me mais lógico e aceitável dividir as coisas entre inteligente, e nao-inteligente, mas de uma maneira instintiva. E isso que quer dizer? Quer dizer que sabes que uma coisa deve ser feita de tal maneira, nao sabes explicar porquê, nem tens que explicar porquê, porque há certas coisas que nao nasceram para ter explicaçao. Mas acontece que desde os filósofos da antiguidade, que a malta tem a mania de andar sempre à procura do porquê de tudo, vai-se lá saber porquê. Inclusive, eu, estou para aqui à procura do porquê do senso-comum, da coerência, e do raio-que-me-parta, isto tudo culpa do Frank Zappa (glória a ti nas alturas), contradizendo-me de uma forma perfeitamente incoerente. Pois se eu acho que as coisas sao aquilo que sao, e ponto final, para que é que ando aqui a discutir o sexo dos anjos? (O calor está-me a desconcentrar)
Agora a coerência. A coerência gera lutas internas imensas, pois é muito bonito pregar o que seja, mas na base do "faz aquilo que eu digo, e nao faças aquilo que eu faço". Só mesmo grandes malucos é que fazem e vivem segundo aquilo que dizem. Ou entao nao se diz nada, para depois nao terem que se aguentar à jarda de viver segundo o discurso que tao efusivamente botaram. Instintivamente sempre tentei viver em coerência, e nao é tarefa fácil! Para começar, ganhei entre os meus amigos a reputaçao de ser um gajo fixe, mas completamente chanfrado, pois metia-me em alhadas tremendas, só pelo facto de agir de acordo com a minha consciência. E é verdade! Meti-me em alhadas tremendas, que me ajudaram imenso a crescer, tais foram as pantufadas que levei. Mas também é verdade, que se nao agisse de acordo com o que me ditava a minha consciência (ou senso-comum), instintivamente, sentiria como se fosse uma traiçao a mim próprio! Nunca ninguém entendeu isso! Toda a gente pensou que eu queria provar nao-sei-quê a nao-sei-quem. Cedo entendi, que por muito que se lute para ter o controle da própria vida, essa luta é inglória e mais do que isso, inútil. Pois cada um tem que viver a vida que tem para viver, e aproveitá-la ao máximo. Como aquela tirada brilhante atribuida ao John Lennon: "a vida é aquilo que te passa, enquanto fazes outros planos". Portanto, o melhor é estar atento ao que a vida nos reserva, e aproveitá-lo. E quando o sr. Murphy e a sua lei se lembram da malta, aguentar-se à bronca, que a coisa há-de melhorar, pois depois da tempestade vem sempre a bonança. Ou seja, viver seria quase como navegar: aproveitar o vento, a maré, e apontar numa dada direcçao. Pode ser que lá cheguemos, ou nao, mas o importante de tudo, no final, é gozar o passeio. Pois se vivemos obcecados com a chegada, olhamos para trás, e nao vimos nada. E isso deve ser muito triste!
Viver com senso-comum e em coerência? Que quer dizer isso? Viver de acordo com uma inteligência instintiva, da qual faz parte a máxima "nao faças aos outros aquilo que nao gostas que te façam"? Sim, mas nao como uma lei, ou uma conduta moral à qual estamos obrigados, mas por uma questao de inteligência, porque assim viveremos todos muito melhor. Porque pelo facto de se empurrar a merda que nos toca limpar, para cima do parceiro, estamos como estamos desde o princípio dos tempos. Tomem o exemplo dos mongoloides, que sao pessoas afáveis, sinceras, carinhosas, simpáticas e simples, por natureza, e aos quais, nós os normais, lhes atribuímos tao pouca inteligência. Onde é que está a inteligência, entao?
Vou bater com o focinho na palha, que já nao digo coisa com coisa. E quanto à bezerra, paz à sua alma!

1 comentário:

Cravo a Canela disse...

Estás a ver o que dá publicares ensaios de metro e meio? Ninguém comenta...

Estou a preparar o meu. Até breve.

Rogério Charraz