terça-feira, novembro 21, 2006

Ano Novo, Vida Nova!

Adoradíssimos leitores da Burra,



Quando muitos já pensavam que a Burra tinha perdido o pio, volta de novo a dar sinais de vida, qual fénix renascido das cinzas. E renasce por vocês, que não se pouparam a várias e ternurentas demonstrações de carinho e de saudade, que são obviamente levadas na mais alta consideração. De qualquer maneira, ainda que a Burra seja uma senhora, não esteve a fazer charminho todo este tempo, para que vocês implorassem este regresso. Não senhor! A Burra não se rebaixa a esses estratagemas de chantagem emocional. Têm sido meses de convulsões e metamorfoses na vida pessoal deste servidor que vos escreve, e que pelos vistos, as convulsões continuam.
Devem estranhar o título desta posta, pelo facto de não termos ainda chegado a Janeiro, mas tenho que vos explicar que para o meu calendário biológico, o início de um ano sempre coincidiu com o início do ano lectivo, e não com o início do ano do calendário normal. E acho que falo por muita gente. Principalmente desde que me dedico a essa nobre actividade que é o ensino, a coisa acentua-se mais ainda.
Mudei de ninho, mudei de estado civil, e ando há 3 meses numa guerra com diversas operadoras para conseguir internet em casa. E todas estas condições contribuiram seriamente para este silêncio prolongado. Juntando a isso o acumular de novas funções, ando mais polifacetado e multidisciplinar do que o Leonardo da Vinci, e os seus códigos. Antes sentia-me um pouco como o Clark Kent e o Super-Homem, entre a actividade de músico e professor de música e a de professor de português, agora assumi também a pasta do Homem-Aranha, e dou aulas de inglês, também. Isso a juntar às actividades básicas de pai, mãe, dona-de-casa (tem sido um desastre!) e senhorio. Tudo isto sem internet à mão-de-semear, a coisa definitivamente não está fácel!

O verão foi passado entre o desejo de ir à praia, e constantes viagens e concertos, e a montagem eterna do novo ninho. Foi aproveitar todos os bocadinhos para montar mais uma prateleira, ou pendurar um quadro. E logicamente veraneei na praia o mesmo dos outros verões passados: 2 ou 3 dias. Embora cada início de verão eu prometa a mim mesmo conseguir passar a barreira psicológica das 10 idas à praia, no decorrer do dito cujo, a coisa apresenta-se francamente uma tarefa difícil de levar a cabo, e nem a proximidade da praia ajuda.


Aliado a tudo isto, existe também o seguir escrupulosamente o conselho da minha saudosa avozinha: “Se não tens nada de jeito para dizer, o melhor é estar calado!” Mas devo assegurar-lhes que já há alguns meses que um texto anda a tomar forma aqui na cabeçorra, e estará para ser parido para breve.
Mas por vezes já me sinto um pouco constrangido a falar de uma série de coisas, nomeadamente sobre o nosso querido quintal, do qual me vou sentindo cada vez mais desfasado.
Também penso por vezes se devo escrever certas e determinadas opiniões que ninguém me pediu, mas estando eu na minha casa, digo aquilo que me apetece, e quem não gosta, a porta da rua é serventia da casa. Isto vem a propósito de terem havido pessoas que se sentiram extremamente incomodadas, e até ofendidas com certos textos aqui publicados, acusando-me de me comportar como os estrangeirados como o Eça de Queiroz, que viviam fora do país, e passavam a vida a criticá-lo, ou então de não ter moral para dizer certas e determinadas coisas. Ok, então para homenagear a Sandra Feliciano que tristemente parece que emudeceu, vamos lá dividir a resposta em alíneas.

a) ser comparado com o Eça de Queiroz é um elogio desbordado, ainda que seja somente pelo facto da condição de estrangeirado. Podiam chamar-me emigra, ou qualquer coisa parecida, mas estrangeirado é definitivamente elegante, e longe de o tomar como um insulto, assumo-o com dignidade e algum brio.
b) Se passo a vida a criticar o país, isso quer dizer que ainda me preocupo com ele. Mais que não seja porque uma grande parte das pessoas importantes para mim vivem nele, mas principalmente porque vivi nele, e mais ainda vivi-o intensamente ao longo de muitos anos, tentando estar o mais próximo possível da sua essência.
c) Não entendo muito bem as pessoas que têm uma necessidade de justificar e valorizar ou desacreditar o que é dito, pela moral ou ausência dela da pessoa que o diz. Por acaso os gregos têm menos mérito por ter inventado a democracia e ao mesmo tempo serem esclavagistas? O D. João II deixa de ser o Príncipe Perfeito, por se saber que foi um assassino impiedoso que exterminou toda a alta nobreza? O Saddam Hussein deixa de ter razão nas suas críticas à ocupação dos americanos no Iraque, por ser quem é, e ter feito o que fez? Creio que não, a moral não é para aqui chamada. A mim pouco me interessa quem faz ou diz o quê, desde que isso me sirva de alguma maneira. E nestes casos a moral serve de argumento a quem não tem mais nenhum, ou a quem tem medo de o que eu possa dizer até possa ser verdade, e que possa chocar algumas consciências mais acomodadas.

Obviamente que a escolha de ficar a criar banha no cérebro é de cada um, e é uma atitude que embora não faça parte da minha realidade, respeito que faça parte da realidade de quem quer que seja. Apenas gostaria que se respeitasse a minha escolha de levar o cérebro ao ginásio todos os dias.

Bom, mas o ano novo que se apresenta, apresenta-se francamente esperançoso, visto que para uma série de acontecimentos extremamente importantes da minha vida se concretizarem, não me resta outra solução senão esperar. A almejada ligação caseira à internet, pelas dificuldades e tempo que tem levado, practicamente insere-se neste capítulo.
Para já quero-vos deixar um profundo agradecimento pelas carinhosas manifestações de incentivo ao zurrar da Burra, com a promessa de próximas zurradas para breve, e possíveis e inevitáveis coices, também.

Não quero deixar de expressar a minha tristeza por neste regresso ter deparado com o silêncio do colega Cobre e Canela, que me deixou profundamente consternado, e que segundo informações que me chegaram está em coma profundo, devido a uns ataques terroristas cerrados de que foi vítima. Resta-me homenagear e solidarizar-me com um blog com o qual as minhas pupilas se deleitaram inúmeras vezes, e onde aprendi muita coisa. Principalmente quero agradecer ao Cobre ter-me chamado a atenção para os documentários sobre Física Quântica, que furiosamente descarreguei da net, e os quais devorei várias vezes. Obrigadinho por tudo, ó Sandra, e principalmente por fazeres parte daquele (cada vez mais diminuto) grupo de pessoas que mantém a massa cinzenta com corpinho danone.

Beijinhos e abraços, e outras manifestações de afecto

A Burra vive!

5 comentários:

zmsantos disse...

Regresso em grande estilo, Dona Burra! Aliás é apanágio das burras que 'piam' com a qualidade dos seus 'pios', Eça é que é Eça!

Eu, Perdigão, pertencendo, também, ao ramo dos 'piadores', congratulo-me com o renascimento, e fico ansiando um escrito seu sobre o Estatuto de Autonomia da Catalunha, em tempos prometido.

Abraço.

Cravo a Canela disse...

Estás a ver, Balão, além de fiéis e pacientes, os teus leitores têm boa memória!

Abraços!

Lusaut disse...

Ainda bem que o silêncio foi devido a condicionantes externas e não devido ao encerramento do ginásio. Bem vindo de volta. Já estávamos com saudades. Um abraço.

A Burra Nas Couves disse...

Obrigado pelos vossos incentivos. Amigo Zé Manel, tem toda a razao, e o que é prometido é devido, por isso aguentem-se que virá um texto sobre o burgo daqui, que também anda em convuloçao

SDF disse...

LOL

Acredita que só vi esta tua "posta" (como lhes chamas), hoje.

E atirei-me ao chão a rir com a associação Sandra-alíneas. Não me devia rir, que o caso é sério, essa associação já foi inclusivamente utilizada como argumento de "divórcio" no meu passado, mas... que fazer? Já não é defeito, é feitio!

E apesar de haver quem não goste, não me parece que seja assim tão má esta minha obsessão pela clareza e organização da informação escrita. ;)