terça-feira, agosto 21, 2007

A quem lhe concerne

A insensatez, que você fez, coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor, um amor tão delicado
Ah, por que você foi fraco assim, assim tão desalmado
Ah, meu coração, que nunca amou não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão, usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão, perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão, não é nunca perdoado


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinicius de Moraes

1 comentário:

Anónimo disse...

II - Parte

Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!

Vinicius de Moraes

Sara