sábado, agosto 06, 2005

Deixa arder que o meu pai é bombeiro!

30 incêndios descontrolados em Portugal, e o primeiro ministro de férias no Quénia! Estou sem palavras, e quase sem vontade de voltar nem que seja de férias! Tento preservar a imagem do Portugal que conheci outrora. Verdejante, esplendoroso, para mim o país mais bonito da Europa! Pelo menos seguirá existindo na minha memória. Glória eterna aos bombeiros, que além de serem as únicas pessoas que fazem alguma coisa para que o país não desapareça, parece-me que são os únicos voluntários da Europa. São pessoas normais e correntes que além de lutarem contra o fogo (que já é um inimigo titânico), lutam contra a negligência de um estado autista. São os portugueses verdadeiramente patriotas, que arriscam a própria vida para salvar o que é de todos, não arriscam uma carreira política.

7 comentários:

SDF disse...

Subscrevo na íntegra!

Fernando disse...

Olá Chavalo

Parabéns, outra vez..pelo teu aniversário.
Lamento mas as coisas nos incêndios não são assim tão simples como as pintas e começas a soar a imigrante nostálgico - é tão típico dos portugueses darem porrada nos governos.. e o pessoal que todo o inverno deixa que à volta da sua casa mato por limpar, lixo e todo o material combustível (só se lembram de Santa Bárbara...)? E os donos das matas que não as limpam? E os juízes deixa sair um pirómano que por vingança vai pegar fogo outra vez? Recuso-me a pagar mais dinheiro dos meus impostos para cobrir a negligência de uns e o crime de outros - se eu for para férias e deixar o gás ligado e papéis espalhados por toda a parte e a casa arder quem é que ma paga? O governo, isto é todos os outros? O voluntariado de que falas é apenas voluntarismo porque voluntária e civicamente todos teriam de contribuir todo o ano para não deixar as coisas chegarem a este ponto (deixa arder que o meu pai é bombeiro...), mas cidadania é algo que ainda falta muito por aqui onde sobram queixas, lamentos e culpas a uma entidade que nada mais representa do que o país que somos - o estado (e o estado das coisas também...).

Deixa-te de paus-de-fósforo de imigrante - um dia destes estás a telefonar para o Bom Dia Portugal como os outros "abecs".

E vê se apareces que é a melhor cura para tanto romantismo nacionalista.

Abraço grande

Fernando

A Burra Nas Couves disse...

Obrigado por te lembrares do meu aniversário, Fernando. Ainda não entendi bem essa tua agressividade velada em relação à minha situação de estar fora do país. Já é a segunda vez que o fazes, e na verdade não tem muita graça. Além disso, se bem me lembro das minhas aulas de português, o facto de estar fora do país converte-me em Emigrante, e não em Imigrante. Imigrante é o que sou aqui, parece-me! Custa-me um bocado estar a corrigir um professor de português com tantos anos no activo, mas se estou enganado, corrige-me, como aliás sempre estás disposto a isso. Viver fora do país, quer dizer viver fora de tudo o que me rodeou durante quase toda a minha vida. Significa viver longe dos meus amigos de toda a vida, da minha família, dos sítios, cheiros, aromas, comidas e paisagens que me são familiares. E ninguém toma essa decisão de ânimo leve. É como arrancar uma àrvore pela raiz e plantá-la noutro sítio, completamente estranho, e começar tudo outra vez. Acredito que neste momento é necessário uma certa dose de coragem para continuar a viver em Portugal, mas também é necessário bastante para sair.
Se fosse assim tão típico dos portugueses darem porrada nos seus governos, seguramente não seriam tão negligentes, nem se atreveriam a legislar coisas que esses mesmos governos são os primeiros a faltar, ou escusarem-se. Limitam-se a"mandar bocas". Se os donos das matas não as limpam é porque alguém o permite. Se um pirómano é solto, e reincide é porque alguém o permite. Se muitíssmas outras coisas nocivas acontecem, é porque alguém o permite. E esse alguém são pessoas que se apresentam a uma votação popular, dizendo que são capazes de não permitir que essas e muitas outras coisas aconteçam. Apresentam-se e oferecem-se para o governo de uma nação, de um estado, e apresentam-se sempre como uma alternativa ao governo anterior, e sempre para mais. Paradoxalmente, o país vai sempre para menos. É dever do estado regulamentar a vida dos seus concidadãos, e para tal tem que ser o estado a dar o primeiro e definitivo exemplo, o que raramente acontece. Os cidadãos queixam-se que o estado é reles, e o estado queixa-se que os cidadãos são reles, e casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Se não fôr o estado a educar os cidadãos, dando o exemplo primeiro de civismo, estás à espera que sejam os cidadãos a serem-no por mote próprio? Quando o estado é o mais incívico possível? Sendo assim, parece-me que o romântico nacionalista aqui serás tu. E ainda por cima dizes que te recusas a pagar impostos "para cobrir a negligência de uns e o crime de outros" (sic)? Afinal qual é a tua coerência?
Embora me tenha custado muito, fartei-me de viver num país que exigia que eu cumprisse com os meus deveres de cidadão do 1º mundo, para depois ser tratado como um cidadão de 3º mundo. Como, de momento, ter os direitos e deveres do 3º mundo, não era uma opção viável (embora apetecível), resolvi por vir pagar os meus impostos num sítio onde isso é valorizado, e no qual tenho os direitos inerentes aos meus deveres. E é um governo autonómico que zela pelos meus interesses, e me obriga a cumprir os meus deveres, raras vezes o governo estatal. Um estado, onde não existe sigilo bancário, que ao mínimo deslize ou negligência do cidadão, aleija onde mais doi....na conta bancária! Mas que também põe ao dispôr do cidadão um sem-número de serviços e benesses.
Para finalizar, tenho uma coisa boa a abonar em favor do estado português: através da integração na União Europeia, tenho a possibilidade de eu e o meu filho termos mais direitos efectivos e prácticos fora do nosso país. Parece ridículo, mas é a verdade.
Só mais uma coisa. A continuares com esse discurso, dentro de um pouco, em vez de Fernando Rebelo, vou-te chamar, Fernando do Restelo, e distinto descendente moral do outro do Restelo, dignificado nas páginas dos Lusíadas.

Beijinhos e Abraços

Cravo a Canela disse...

Sobre os incêndios vale a pena lembrar um texto de Junho:

http://tubodescape.blogspot.com/2005/06/crimes-ambientais.html

Sobre o governo gostaria apenas de acrescentar que neste momento trabalho no departamento financeiro de uma empresa, e entre os nossos piores pagadores encontram-se Câmaras Municipais e Institutos públicos. E ao que parece isto é uma situação normal. Será? Para mim não é. O estado deveria ser o primeiro a dar o exemplo e a cumprir os prazos de pagamento, para depois poder exigir aos cidadãos que o façam no pagamento dos seus impostos. Mas até aqui há diferenças porque se eu não pagar os meus impostos (ou da empresa onde trabalho) a tempo sou multado mas o estado paga tarde e nada lhe acontece. Onde está a moralidade? Para mim os exemplos vêem de cima.

Rogério Charraz

Mariana disse...

Não entendo bem, mas será que estávamos todos á espera de ver o Sr. Primeiro Ministro de magueira na mão, disposto a sujar as unhas?

Ah, bem me parecia!

A Burra Nas Couves disse...

Não sou tão inocente, Mariana. Mas pelo menos que o sr. Primeiro Ministro fizesse um esforço por mostrar-se preocupado com o assunto, ao ponto de interromper as suas férias. Mas imagino que 5 meses de governação devem ser extenuantes.

LuizdaLata disse...

Oi João

Mais uma vez faço das tuas as minhas palavras...

Este país tá a cair e já ninguém sabe onde está, porque está, e onde vai parar.

Parabéns por conseguires viver fora daqui, já q adorava ter a tua coragem.

Aquele Abraço