sexta-feira, julho 01, 2005

Patrícios

Os últimos 6 meses foram prolixos em visitas de amigos, familiares e conhecidos aqui por estas bandas. Quero agradecer a todos por me terem trazido um bocadinho de casa, e principalmente aos meus pais, por me terem trazido "a casa". Por cá passaram o João Afonso, o Moz Carrapa e o Paulo Borges, os quais me presentearam com um dia de petiscada, com concerto de alta qualidade, no final do dia (o trabalho do João está cada vez melhor e recomenda-se vivamente). Passaram também os meus companheiros do Pateo das Cantigas, onde travámos duras batalhas contra o tempo e contra o electrão rebelde, em prol do jingle publicitário, aos quais devo uma noite de copofonia e boa conversa. Um abraço grande ao Rui Miguel, ao Artur Santos, e aos Pedros. Passou também o Vasco Sousa, que além de me ter presenteado com a oportunidade primeira de ver ao vivo um magnífico concerto da Mariza, deu-me também a maravilha de ver o Palau de la Música Catalana por dentro. E, senhores, como canta esta mulher! Arrepiou-me todo, e fez-me emocionar, a malvada! Foi também a oportunidade de rever o João Pedro, e mais uma vez..............petiscada e boa conversa! E, obviamente, os meus pais que os 5 dias que aqui estiveram foram demasiado curtos para matar as saudades de quase um ano sem nos vermos. São as coisas que nos fazem sentir mais vivos!

A pensar na morte da bezerra

Já quase no final do 3º disco da trilogia “Joe’s Garage”, Frank Zappa (glória a ti nas alturas), pôs uma rapariga a dizer um texto que começava mais ou menos assim: “informação não é conhecimento, conhecimento não é sabedoria, sabedoria não é beleza, beleza não é amor...” e continuava. E realmente todos estes anos tenho pensado na extraordinária capacidade que o ser humano tem para armazenar informação. Mas será que ao armazenar toda essa informação, essa se converte automaticamente em conhecimento? Partindo do princípio que temos por natureza uma mente catalogante e "carimbante", inclino-me a pensar que sim, que podemos organizar essa informação de forma a constituir algo chamado conhecimento. E a sabedoria? É apenas o substantivo que designa o saber muito? Saber muito acerca de quê?
Pratico um desporto solitário sempre que posso, e chama-se pensar. Pensar sobre quê? Sobre tudo, mais que não seja para manter o neurónio com um corpinho danone, já que sou incapaz de fazê-lo ao resto do corpo. Bom, mas resumindo. Numa dessas sessões de ginásio pensante, debrucei-me sobre a profundidade dessa frase do Zappa. E uma conclusão que cheguei (absolutamente passível de erro, como todas as conclusões), é que a sabedoria é muito mais do que um simples estado em que uma pessoa é detentora dum qualquer conhecimento. A sabedoria seria a maneira como esse conhecimento é aplicado e practicado, necessitando para o efeito de uma componente importantíssima, que nos dias que correm está em baixa vertiginosa: o senso comum. Pior ainda, o senso comum, apesar de ser algo tipicamente humano, escapa completamente à tendência também tipicamente humana de quantizar, medir e catalogar, o que representa um contra-senso. Qual a diferença então entre conhecimento e sabedoria? Um exemplo práctico: foi necessário uma quantidade absurda de conhecimento para fabricar a bomba atómica, nenhuma sabedoria para lançá-la sobre Hiroshima, e nenhuma explicação lógica, inteligente e minimamente plausível para lançá-la sobre Nagasaki.
Então a componente senso-comum é de vital importância para que a sabedoria funcione. Mas, e o que é o senso-comum? Um conjunto imaginário de regras? Um código de conduta? Um conjunto mais ou menos inconsciente de valores para determinar o que está bem ou o que está mal?
Bom de qualquer das maneiras, pode ser discutível, e até anedótico, inútil, ridículo e absurdo discutir a essência do senso-comum, quando o mesmo está em vias de extinção. E, ao abrigo da teoria acima descrita, com ele extinguir-se a sabedoria. Pelo menos a sabedoria segundo estes parâmetros. A sabedoria segundo a quantidade de coisas que um indivíduo sabe, essa segue, mas se esse mesmo indivíduo não sabe o que fazer com isso, de pouca utilidade tem. Em que é que ficamos?

P.S.- Aqui não se censura os comentários de ninguém, por mais absurdos que sejam.