Eram 4 no princípio, mas o mais novo não tinha nenhuma piada, e até era um bocado canastrão. Por isso os outros 3 acharam por bem que el se dedicasse à pesca. Há várias gerações que fazem rir, mas rir a valer. O meu filho é um apaixonado pela comédia, já lhe tinha mostrado de tudo, e ele já tinha visto de tudo, desde que ainda muito criança se apaixonou pelo humor do Mr. Bean, que como todos sabem não está acessível a todos, ou nem todos acham piada. Desde então tenho-lhe mostrado de tudo, tendo começado evidentemente pelo mestre Chaplin. Dos nacionais aos internacionais, acho que ele viu de tudo, mas faltava-lhe esta grande lacuna na sua enciclopédia de comédia. Ultimamente andava a ver e a rever tudo o que tenho dos Monty Python, dos filmes à brilhante série “Monty Pyhton’s Flying Circus”. Mas ainda não tinha recuado de novo no tempo, para ver o magnífico trabalho destes fantásticos irmãos judeus. Só lhe pus um primeiro filme, “Uma noite em Casablanca”, e na mesma noite devorou mais 2 filmes de seguida, e era um gosto vê-lo a engasgar-se de tanto rir, e eu a rir também a bandeiras despregadas. Começando pelos brilhantes e absurdos diálogos de Groucho, às mímicas de Harpo dignas de Marceau, e ao caos que os dois e Chico montavam, foi uma delícia rever os irmãos Marx. Recomendo vivamente uma injecção destes 3 saudáveis loucos de outrora, em vez de um jogo de futebol, para esquecer por um momento algumas agruras da vida. Está provado que rir é realmente medicinal, e o nosso corpo produz substâncias químicas que nos fazem sentir muito melhor connosco mesmos. Além de que exercitando os abdominais, há possibilidades de reduzir um pouco mais a barriguita, sem recurso àquelas tretas do TVShop.
Groucho ficou como o ícone dos irmãos Marx, assim como Charlot. No entanto o homem não era só um comediante, mas um filósofo à sua maneira, e brindou-nos com as seguintes brilhantes frases, que vos deixo para rir e meditar:
-“Parem o mundo que eu quero sair!”
-“Nunca entraria num clube que me aceitasse como sócio!”
-“Inteligência Militar são dois termos contraditórios”
-“Se casares comigo, prometo nunca mais olhar para outro cavalo!”
-“Desculpem-me tratá-los por cavalheiros, mas ainda não vos conheço bem”
-“Nunca esqueço uma cara, mas no seu caso vou abrir uma excepção”
-“Estes são os meus princípios. Se não gostam tenho outros”
-“Acho a televisão extremamente educativa. Quando alguém a acende em casa, vou-me embora para outro quarto, e leio um bom livro”
-“Nunca vejo filmes em que o peito do heroi é maior que o da heroina”
sexta-feira, dezembro 08, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
O Efeito Olimpo
Por feito, defeito, ou efeito, grassa há diversos anos pela sociedade portuguesa uma tendência social bastante preocupante, e com efeitos nefastos a longo prazo. Talvez com causa na tal questão do respeito, de que já falei há uns tempos atrás, e da precária assimilação do conceito pela sociedade portuguesa. Muita gente confunde ser respeitado com andar a pavonear-se arrogantemente. E numa análise alargada, observo que isso afecta uma fatia crucial da sociedade portuguesa. Políticos, artistas, jornalistas, escritores, cineastas, actores e encenadores, bailarinos e quejandos agentes da cultura, isolam-se num olimpo por eles criado, por eles alimentado, e do qual se alimentam, sendo portanto auto-fágico. A este grupo de pessoas com as actividades mais variadas, juntou-se mais recentemente um outro grupo denominado jet-set, cujas actividades contributivas à sociedade não foram ainda esclarecidas.
E qual é a orgânica desse Olimpo? Como dizia Nicolau Maquiavel, o poder protege-se a si próprio, e isto já vem da sua época, portanto o Olimpo serve essencialmente para proteger e alimentar o poder. E nos dias que correm, poder quer dizer essencialmente dinheiro. Portanto a primeira preocupação de um habitante desse Olimpo é proteger o próprio Olimpo, com a plena consciência de que dele depende o seu sustento. Por conseguinte as suas acções visam essencialmente agradar e ajudar os seus pares olímpicos, como condição sine qua non para perpetuar a sua própria condição olímpica. E como tal, uma vez aceite como um novo deus, sofre uma total amnésia sobre como chegou ao Olimpo, tenha esse caminho sido virtuoso ou corrupto.
Os media em geral e a televisão em particular são quem decide a elevação ou não de certo indivíduo a olímpico ou não. Quantas mais aparições nos media, mais olímpico se torna, e portanto todas suas capacidades intelectuais ou artísticas são perfeitamente irrelevantes, tendo no entanto que se manter um mínimo arzinho de graça. E mesmo que entre os comuns mortais cause uma certa repulsa, isso é também irrelevante, pois somos todos animais de hábitos, e habituamo-nos a ver continuamente certa cara no pequeno ecran, e nas páginas da impressa especializada.
Basicamente as acções do Olimpo resumem-se à decalcomania, à excepção de uma ou outra atitude de soberba, onde aí sim primam pela originalidade. Os políticos aplicam o que Bruxelas diz, os artistas (de todas as artes) copiam o que vêem no estrangeiro, e até os modelos dos media são decalcados a papel vegetal, como eu fazia na primária. E quando decidem ser originais, e fazer aquilo que lhes passa pela cabeça, quase que preferia que continuassem a decalcar, pois pelo menos ainda se encontrariam alguns resquícios da qualidade original, salvo muito honrosas excepções. Obviamente que a susbsistência, continuidade e existência desse Olimpo é permitida por uma opinião pública totalmente desprovida de sentido crítico, e por conseguinte, sem opinião. O que numa época em que a informação está à mão de toda gente, só é explicável pelo bombardeio constante de desinformação dos media.
Não há nenhum patamar intermédio entre ser comum mortal e deus do Olimpo, portanto um indivíduo pode adormecer comum mortal, e acordar deus. Houve inclusive a quem lhe passou essa metamorfose enquanto fazia a rodagem ao carro. No entanto, pode e deve fazer lembrar as suas origens de comum mortal, sempre e quando seja necessário captar a simpatia do resto dos comuns mortais, e que normalmente se processa por uma ternurenta fotobiografia numa bem-humorada e ligeira reportagem televisiva acerca da sua pessoa. Portanto uma vez processada a ascenção ao Olimpo, perde-se totalmente o contacto com a vida real. Mas como a normalidade é um factor estatístico, quantas mais pessoas digam e permitam que o Olimpo seja real, mais ele é, por mais artificial que ele seja.
Há também quem tenha a sorte de já ter nascido deus, e portanto ter tudo mais facilitado, só necessitar manter o tal arzinho da sua graça, e mostrar que filho de deus sabe...........ser deus.
E agora eu pergunto. Onde se espera que vá um país onde o governo não governa, os políticos são politiqueiros, nada se cria e tudo se decalca, e a opinião pública não opina?
Já agora, queria agradecer à minha querida mãezinha, por ter pacientemente ter-me guardado semana após semana, os dvd’s coleccionáveis que o Público editou este ano a propósito do centenário do nascimento de Agostinho da Silva. Neles pude constatar e corroborar aquilo que digo anteriormente. Duas das intervenções de pretensos intelectuais da praça são absolutamente vergonhosas e constrangedoras: o realizador Manoel de Oliveira, e Miguel Esteves Cardoso. Ao lhe ser pedido para falar sobre Agostinho da Silva, Manoel de Oliveira só fala do que é que ele próprio pensa acerca do mundo. Esteves Cardoso ao entrevistar o professor, manifestou-se numa arrogância à prova de bala, agressivo a roçar a má-educação, rançoso, e com uma estupidez só típica de quem não entendeu absolutamente nada do que Agostinho da Silva lhe estava a dizer. Resta-me deixar-lhes a primeira pergunta do rapaz ao professor, para vocês adivinharem o resto: “O senhor é monárquico?”
Resta-me sublinhar a estoicidade e a calma com que o professor aguentou tal classe de perguntas, e ainda por cima teve disposição para explicar ao seu interlocutor coisas que o mesmo não tinha a mínima intenção de ouvir, pese a forma e volume dos pavilhões auriculares.
E qual é a orgânica desse Olimpo? Como dizia Nicolau Maquiavel, o poder protege-se a si próprio, e isto já vem da sua época, portanto o Olimpo serve essencialmente para proteger e alimentar o poder. E nos dias que correm, poder quer dizer essencialmente dinheiro. Portanto a primeira preocupação de um habitante desse Olimpo é proteger o próprio Olimpo, com a plena consciência de que dele depende o seu sustento. Por conseguinte as suas acções visam essencialmente agradar e ajudar os seus pares olímpicos, como condição sine qua non para perpetuar a sua própria condição olímpica. E como tal, uma vez aceite como um novo deus, sofre uma total amnésia sobre como chegou ao Olimpo, tenha esse caminho sido virtuoso ou corrupto.
Os media em geral e a televisão em particular são quem decide a elevação ou não de certo indivíduo a olímpico ou não. Quantas mais aparições nos media, mais olímpico se torna, e portanto todas suas capacidades intelectuais ou artísticas são perfeitamente irrelevantes, tendo no entanto que se manter um mínimo arzinho de graça. E mesmo que entre os comuns mortais cause uma certa repulsa, isso é também irrelevante, pois somos todos animais de hábitos, e habituamo-nos a ver continuamente certa cara no pequeno ecran, e nas páginas da impressa especializada.
Basicamente as acções do Olimpo resumem-se à decalcomania, à excepção de uma ou outra atitude de soberba, onde aí sim primam pela originalidade. Os políticos aplicam o que Bruxelas diz, os artistas (de todas as artes) copiam o que vêem no estrangeiro, e até os modelos dos media são decalcados a papel vegetal, como eu fazia na primária. E quando decidem ser originais, e fazer aquilo que lhes passa pela cabeça, quase que preferia que continuassem a decalcar, pois pelo menos ainda se encontrariam alguns resquícios da qualidade original, salvo muito honrosas excepções. Obviamente que a susbsistência, continuidade e existência desse Olimpo é permitida por uma opinião pública totalmente desprovida de sentido crítico, e por conseguinte, sem opinião. O que numa época em que a informação está à mão de toda gente, só é explicável pelo bombardeio constante de desinformação dos media.
Não há nenhum patamar intermédio entre ser comum mortal e deus do Olimpo, portanto um indivíduo pode adormecer comum mortal, e acordar deus. Houve inclusive a quem lhe passou essa metamorfose enquanto fazia a rodagem ao carro. No entanto, pode e deve fazer lembrar as suas origens de comum mortal, sempre e quando seja necessário captar a simpatia do resto dos comuns mortais, e que normalmente se processa por uma ternurenta fotobiografia numa bem-humorada e ligeira reportagem televisiva acerca da sua pessoa. Portanto uma vez processada a ascenção ao Olimpo, perde-se totalmente o contacto com a vida real. Mas como a normalidade é um factor estatístico, quantas mais pessoas digam e permitam que o Olimpo seja real, mais ele é, por mais artificial que ele seja.
Há também quem tenha a sorte de já ter nascido deus, e portanto ter tudo mais facilitado, só necessitar manter o tal arzinho da sua graça, e mostrar que filho de deus sabe...........ser deus.
E agora eu pergunto. Onde se espera que vá um país onde o governo não governa, os políticos são politiqueiros, nada se cria e tudo se decalca, e a opinião pública não opina?
Já agora, queria agradecer à minha querida mãezinha, por ter pacientemente ter-me guardado semana após semana, os dvd’s coleccionáveis que o Público editou este ano a propósito do centenário do nascimento de Agostinho da Silva. Neles pude constatar e corroborar aquilo que digo anteriormente. Duas das intervenções de pretensos intelectuais da praça são absolutamente vergonhosas e constrangedoras: o realizador Manoel de Oliveira, e Miguel Esteves Cardoso. Ao lhe ser pedido para falar sobre Agostinho da Silva, Manoel de Oliveira só fala do que é que ele próprio pensa acerca do mundo. Esteves Cardoso ao entrevistar o professor, manifestou-se numa arrogância à prova de bala, agressivo a roçar a má-educação, rançoso, e com uma estupidez só típica de quem não entendeu absolutamente nada do que Agostinho da Silva lhe estava a dizer. Resta-me deixar-lhes a primeira pergunta do rapaz ao professor, para vocês adivinharem o resto: “O senhor é monárquico?”
Resta-me sublinhar a estoicidade e a calma com que o professor aguentou tal classe de perguntas, e ainda por cima teve disposição para explicar ao seu interlocutor coisas que o mesmo não tinha a mínima intenção de ouvir, pese a forma e volume dos pavilhões auriculares.
terça-feira, novembro 21, 2006
Ano Novo, Vida Nova!
Adoradíssimos leitores da Burra,
Quando muitos já pensavam que a Burra tinha perdido o pio, volta de novo a dar sinais de vida, qual fénix renascido das cinzas. E renasce por vocês, que não se pouparam a várias e ternurentas demonstrações de carinho e de saudade, que são obviamente levadas na mais alta consideração. De qualquer maneira, ainda que a Burra seja uma senhora, não esteve a fazer charminho todo este tempo, para que vocês implorassem este regresso. Não senhor! A Burra não se rebaixa a esses estratagemas de chantagem emocional. Têm sido meses de convulsões e metamorfoses na vida pessoal deste servidor que vos escreve, e que pelos vistos, as convulsões continuam.
Devem estranhar o título desta posta, pelo facto de não termos ainda chegado a Janeiro, mas tenho que vos explicar que para o meu calendário biológico, o início de um ano sempre coincidiu com o início do ano lectivo, e não com o início do ano do calendário normal. E acho que falo por muita gente. Principalmente desde que me dedico a essa nobre actividade que é o ensino, a coisa acentua-se mais ainda.
Mudei de ninho, mudei de estado civil, e ando há 3 meses numa guerra com diversas operadoras para conseguir internet em casa. E todas estas condições contribuiram seriamente para este silêncio prolongado. Juntando a isso o acumular de novas funções, ando mais polifacetado e multidisciplinar do que o Leonardo da Vinci, e os seus códigos. Antes sentia-me um pouco como o Clark Kent e o Super-Homem, entre a actividade de músico e professor de música e a de professor de português, agora assumi também a pasta do Homem-Aranha, e dou aulas de inglês, também. Isso a juntar às actividades básicas de pai, mãe, dona-de-casa (tem sido um desastre!) e senhorio. Tudo isto sem internet à mão-de-semear, a coisa definitivamente não está fácel!
O verão foi passado entre o desejo de ir à praia, e constantes viagens e concertos, e a montagem eterna do novo ninho. Foi aproveitar todos os bocadinhos para montar mais uma prateleira, ou pendurar um quadro. E logicamente veraneei na praia o mesmo dos outros verões passados: 2 ou 3 dias. Embora cada início de verão eu prometa a mim mesmo conseguir passar a barreira psicológica das 10 idas à praia, no decorrer do dito cujo, a coisa apresenta-se francamente uma tarefa difícil de levar a cabo, e nem a proximidade da praia ajuda.
Aliado a tudo isto, existe também o seguir escrupulosamente o conselho da minha saudosa avozinha: “Se não tens nada de jeito para dizer, o melhor é estar calado!” Mas devo assegurar-lhes que já há alguns meses que um texto anda a tomar forma aqui na cabeçorra, e estará para ser parido para breve.
Mas por vezes já me sinto um pouco constrangido a falar de uma série de coisas, nomeadamente sobre o nosso querido quintal, do qual me vou sentindo cada vez mais desfasado.
Também penso por vezes se devo escrever certas e determinadas opiniões que ninguém me pediu, mas estando eu na minha casa, digo aquilo que me apetece, e quem não gosta, a porta da rua é serventia da casa. Isto vem a propósito de terem havido pessoas que se sentiram extremamente incomodadas, e até ofendidas com certos textos aqui publicados, acusando-me de me comportar como os estrangeirados como o Eça de Queiroz, que viviam fora do país, e passavam a vida a criticá-lo, ou então de não ter moral para dizer certas e determinadas coisas. Ok, então para homenagear a Sandra Feliciano que tristemente parece que emudeceu, vamos lá dividir a resposta em alíneas.
a) ser comparado com o Eça de Queiroz é um elogio desbordado, ainda que seja somente pelo facto da condição de estrangeirado. Podiam chamar-me emigra, ou qualquer coisa parecida, mas estrangeirado é definitivamente elegante, e longe de o tomar como um insulto, assumo-o com dignidade e algum brio.
b) Se passo a vida a criticar o país, isso quer dizer que ainda me preocupo com ele. Mais que não seja porque uma grande parte das pessoas importantes para mim vivem nele, mas principalmente porque vivi nele, e mais ainda vivi-o intensamente ao longo de muitos anos, tentando estar o mais próximo possível da sua essência.
c) Não entendo muito bem as pessoas que têm uma necessidade de justificar e valorizar ou desacreditar o que é dito, pela moral ou ausência dela da pessoa que o diz. Por acaso os gregos têm menos mérito por ter inventado a democracia e ao mesmo tempo serem esclavagistas? O D. João II deixa de ser o Príncipe Perfeito, por se saber que foi um assassino impiedoso que exterminou toda a alta nobreza? O Saddam Hussein deixa de ter razão nas suas críticas à ocupação dos americanos no Iraque, por ser quem é, e ter feito o que fez? Creio que não, a moral não é para aqui chamada. A mim pouco me interessa quem faz ou diz o quê, desde que isso me sirva de alguma maneira. E nestes casos a moral serve de argumento a quem não tem mais nenhum, ou a quem tem medo de o que eu possa dizer até possa ser verdade, e que possa chocar algumas consciências mais acomodadas.
Obviamente que a escolha de ficar a criar banha no cérebro é de cada um, e é uma atitude que embora não faça parte da minha realidade, respeito que faça parte da realidade de quem quer que seja. Apenas gostaria que se respeitasse a minha escolha de levar o cérebro ao ginásio todos os dias.
Bom, mas o ano novo que se apresenta, apresenta-se francamente esperançoso, visto que para uma série de acontecimentos extremamente importantes da minha vida se concretizarem, não me resta outra solução senão esperar. A almejada ligação caseira à internet, pelas dificuldades e tempo que tem levado, practicamente insere-se neste capítulo.
Para já quero-vos deixar um profundo agradecimento pelas carinhosas manifestações de incentivo ao zurrar da Burra, com a promessa de próximas zurradas para breve, e possíveis e inevitáveis coices, também.
Não quero deixar de expressar a minha tristeza por neste regresso ter deparado com o silêncio do colega Cobre e Canela, que me deixou profundamente consternado, e que segundo informações que me chegaram está em coma profundo, devido a uns ataques terroristas cerrados de que foi vítima. Resta-me homenagear e solidarizar-me com um blog com o qual as minhas pupilas se deleitaram inúmeras vezes, e onde aprendi muita coisa. Principalmente quero agradecer ao Cobre ter-me chamado a atenção para os documentários sobre Física Quântica, que furiosamente descarreguei da net, e os quais devorei várias vezes. Obrigadinho por tudo, ó Sandra, e principalmente por fazeres parte daquele (cada vez mais diminuto) grupo de pessoas que mantém a massa cinzenta com corpinho danone.
Beijinhos e abraços, e outras manifestações de afecto
A Burra vive!
Quando muitos já pensavam que a Burra tinha perdido o pio, volta de novo a dar sinais de vida, qual fénix renascido das cinzas. E renasce por vocês, que não se pouparam a várias e ternurentas demonstrações de carinho e de saudade, que são obviamente levadas na mais alta consideração. De qualquer maneira, ainda que a Burra seja uma senhora, não esteve a fazer charminho todo este tempo, para que vocês implorassem este regresso. Não senhor! A Burra não se rebaixa a esses estratagemas de chantagem emocional. Têm sido meses de convulsões e metamorfoses na vida pessoal deste servidor que vos escreve, e que pelos vistos, as convulsões continuam.
Devem estranhar o título desta posta, pelo facto de não termos ainda chegado a Janeiro, mas tenho que vos explicar que para o meu calendário biológico, o início de um ano sempre coincidiu com o início do ano lectivo, e não com o início do ano do calendário normal. E acho que falo por muita gente. Principalmente desde que me dedico a essa nobre actividade que é o ensino, a coisa acentua-se mais ainda.
Mudei de ninho, mudei de estado civil, e ando há 3 meses numa guerra com diversas operadoras para conseguir internet em casa. E todas estas condições contribuiram seriamente para este silêncio prolongado. Juntando a isso o acumular de novas funções, ando mais polifacetado e multidisciplinar do que o Leonardo da Vinci, e os seus códigos. Antes sentia-me um pouco como o Clark Kent e o Super-Homem, entre a actividade de músico e professor de música e a de professor de português, agora assumi também a pasta do Homem-Aranha, e dou aulas de inglês, também. Isso a juntar às actividades básicas de pai, mãe, dona-de-casa (tem sido um desastre!) e senhorio. Tudo isto sem internet à mão-de-semear, a coisa definitivamente não está fácel!
O verão foi passado entre o desejo de ir à praia, e constantes viagens e concertos, e a montagem eterna do novo ninho. Foi aproveitar todos os bocadinhos para montar mais uma prateleira, ou pendurar um quadro. E logicamente veraneei na praia o mesmo dos outros verões passados: 2 ou 3 dias. Embora cada início de verão eu prometa a mim mesmo conseguir passar a barreira psicológica das 10 idas à praia, no decorrer do dito cujo, a coisa apresenta-se francamente uma tarefa difícil de levar a cabo, e nem a proximidade da praia ajuda.
Aliado a tudo isto, existe também o seguir escrupulosamente o conselho da minha saudosa avozinha: “Se não tens nada de jeito para dizer, o melhor é estar calado!” Mas devo assegurar-lhes que já há alguns meses que um texto anda a tomar forma aqui na cabeçorra, e estará para ser parido para breve.
Mas por vezes já me sinto um pouco constrangido a falar de uma série de coisas, nomeadamente sobre o nosso querido quintal, do qual me vou sentindo cada vez mais desfasado.
Também penso por vezes se devo escrever certas e determinadas opiniões que ninguém me pediu, mas estando eu na minha casa, digo aquilo que me apetece, e quem não gosta, a porta da rua é serventia da casa. Isto vem a propósito de terem havido pessoas que se sentiram extremamente incomodadas, e até ofendidas com certos textos aqui publicados, acusando-me de me comportar como os estrangeirados como o Eça de Queiroz, que viviam fora do país, e passavam a vida a criticá-lo, ou então de não ter moral para dizer certas e determinadas coisas. Ok, então para homenagear a Sandra Feliciano que tristemente parece que emudeceu, vamos lá dividir a resposta em alíneas.
a) ser comparado com o Eça de Queiroz é um elogio desbordado, ainda que seja somente pelo facto da condição de estrangeirado. Podiam chamar-me emigra, ou qualquer coisa parecida, mas estrangeirado é definitivamente elegante, e longe de o tomar como um insulto, assumo-o com dignidade e algum brio.
b) Se passo a vida a criticar o país, isso quer dizer que ainda me preocupo com ele. Mais que não seja porque uma grande parte das pessoas importantes para mim vivem nele, mas principalmente porque vivi nele, e mais ainda vivi-o intensamente ao longo de muitos anos, tentando estar o mais próximo possível da sua essência.
c) Não entendo muito bem as pessoas que têm uma necessidade de justificar e valorizar ou desacreditar o que é dito, pela moral ou ausência dela da pessoa que o diz. Por acaso os gregos têm menos mérito por ter inventado a democracia e ao mesmo tempo serem esclavagistas? O D. João II deixa de ser o Príncipe Perfeito, por se saber que foi um assassino impiedoso que exterminou toda a alta nobreza? O Saddam Hussein deixa de ter razão nas suas críticas à ocupação dos americanos no Iraque, por ser quem é, e ter feito o que fez? Creio que não, a moral não é para aqui chamada. A mim pouco me interessa quem faz ou diz o quê, desde que isso me sirva de alguma maneira. E nestes casos a moral serve de argumento a quem não tem mais nenhum, ou a quem tem medo de o que eu possa dizer até possa ser verdade, e que possa chocar algumas consciências mais acomodadas.
Obviamente que a escolha de ficar a criar banha no cérebro é de cada um, e é uma atitude que embora não faça parte da minha realidade, respeito que faça parte da realidade de quem quer que seja. Apenas gostaria que se respeitasse a minha escolha de levar o cérebro ao ginásio todos os dias.
Bom, mas o ano novo que se apresenta, apresenta-se francamente esperançoso, visto que para uma série de acontecimentos extremamente importantes da minha vida se concretizarem, não me resta outra solução senão esperar. A almejada ligação caseira à internet, pelas dificuldades e tempo que tem levado, practicamente insere-se neste capítulo.
Para já quero-vos deixar um profundo agradecimento pelas carinhosas manifestações de incentivo ao zurrar da Burra, com a promessa de próximas zurradas para breve, e possíveis e inevitáveis coices, também.
Não quero deixar de expressar a minha tristeza por neste regresso ter deparado com o silêncio do colega Cobre e Canela, que me deixou profundamente consternado, e que segundo informações que me chegaram está em coma profundo, devido a uns ataques terroristas cerrados de que foi vítima. Resta-me homenagear e solidarizar-me com um blog com o qual as minhas pupilas se deleitaram inúmeras vezes, e onde aprendi muita coisa. Principalmente quero agradecer ao Cobre ter-me chamado a atenção para os documentários sobre Física Quântica, que furiosamente descarreguei da net, e os quais devorei várias vezes. Obrigadinho por tudo, ó Sandra, e principalmente por fazeres parte daquele (cada vez mais diminuto) grupo de pessoas que mantém a massa cinzenta com corpinho danone.
Beijinhos e abraços, e outras manifestações de afecto
A Burra vive!
quinta-feira, novembro 16, 2006
A Emission Segue Dentro De Momentos
Queridos leitores da Burra. É com imenso prazer que foram recebidas as vozes reclamantes de novos textos da Burra. Acontece que devido a um boicote tecnológico, a minha humilde residência ainda nao foi agraciada pela ligaçao à internet, deixando-me no penoso calvário dos cybercafés, onde todo o tempo é pouco para escrever seja o que fôr. E ainda por cima estes &%$"?¿ de teclados nao têm til sem ser em cima do ñ, e nao me posso expressar o quao portuguesmente desejaria, e pelo facto peço desculpas. Esperamos que dentro de um prazo razoável me seja finalmente concedida a tal ligaçao, para desde o conforto do meu doce lar, poder, para vosso gáudio, escrever estes brilhantes textos a que estao habituados.
Beijinhos na algália
Beijinhos na algália
terça-feira, setembro 26, 2006
À porrada
Só quem não tem nenhuma confiança nas suas convicções, é que tenta convencer os outros delas à porrada, para auto-reafirmá-las, ignorando que isso é tão eficaz como tentar apanhar o vento.
Se ainda ninguém o tinha dito, digo-o eu, depois chamem-me burra.
Se ainda ninguém o tinha dito, digo-o eu, depois chamem-me burra.
sábado, julho 29, 2006
A Mãe, o Filho, e o Espírito Santo
Depois de se conhecer os discos, fica-se com a ideia de que é algo insuperável em concerto. Engano! O concerto é uma coisa de ficar de boca aberta e pregado ao chão, observando uma coisa que só pode ser uma verdadeira obra do Espírito Santo (não é o do banco, obviamente). É impossível uma banda tocar assim, como se fossem um só músico, com tão bom gosto, com tanto, tanto, tanto de tudo o que é bom. Depois quando ela fica só com o filho (o baixista/contrabaixista do grupo) e se pensa que se vai entrar numa fase mais intimista do espectáculo, é a altura em que os queixos caem ao chão, e uma pessoa se belisca para ver se não está a sonhar.
Foi assim na quarta-feira passada, com o bonus da conversa animada, no final do concerto (eu sei que me vais odiar um pouco mais, Rogério). E desde quarta-feira que faço um esforço por tocar o chão com os meus pés. Há gente assim..............felizmente!
Foi assim na quarta-feira passada, com o bonus da conversa animada, no final do concerto (eu sei que me vais odiar um pouco mais, Rogério). E desde quarta-feira que faço um esforço por tocar o chão com os meus pés. Há gente assim..............felizmente!
terça-feira, julho 11, 2006
Parece Mal, Mas Alivia
Nas minhas navegações cibernéticas, dei com um site curioso, onde o incauto viajante pode aliviar o stress e relaxar-se dando umas lambadas numa celebridade há escolha. Existe ainda a possibilidade de sugerir uma celebridade que não se encontre na lista, que (pasme-se!) é liderada por Cristiano Ronaldo, estando uns furos mais abaixo o José Mourinho. Já aproveitei para molhar a sopa em cada um deles, e também para sugerir Pauleta ( o cavaleiro anhante) e Scolari. No entanto, desconfio que se isto se divulga, haverá uma avalanche de pedidos para porem o eng. Socrates, e já agora o Exmo. Presidente da República, pois se a rainha Isabel II lá está...............
segunda-feira, julho 10, 2006
A Burra na Taberna parte 2, ou o Triunfo do Cavaleiro Anhante
Eu sei que há 40 anos não chegávamos tão longe. Eu sei que no meu site de referência do Mundial , Portugal foi considerado a seleção sensação de todo o Mundial. Mas digam lá francamente, ó senhores, já não viram estes jogadores jogar muito melhor que isto? Salvo raras excepções (há tempos que não via Figo jogar assim). Temos potencial para ganhar um Mundial, ou não? Eu acho que sim, mas não com este treinador. Parece que muita gente endeusa o sr. Scolari, mas ele só conseguiu o que conseguiu, graças a um grupo extraordinário de jogadores, a jogar a meio-gaz. E se a meio-gaz, chegámos onde chegámos, imaginem a rebimbar o malho, como quando foi o Europeu de 2000 (onde a França nos lixou mais uma vez com outro penalty duvidoso). Bem, jogadores extraordinários, mas entre eles queria destacar um, que é extraordinário por outras razões. Fui ao site que acima refiro, e fiz uma busca de relatórios jogo por jogo, e as únicas referências que fazem ao dito cujo, estão abaixo transcritas, senão vejamos:
Portugal-Angola – (Pauleta marca um golo posto nos pés dele por Luís Figo, à boca da baliza, passa o resto do jogo a “anhar”)
Portugal-Irão – (Pauleta passa o jogo todo a “anhar”, e a única opurtunidade que tem de fazer um golo, choca com um jogador da equipa contrária)
Portugal-México – (Pauleta nem tira o colete do Mundial, nem sai do banco por ter muitos cartões amarelos)
Portugal-Holanda – (Pauleta passa o jogo todo a “anhar”, e quando tem a baliza aberta, chuta à queima-roupa do guarda-redes Van Der Sar)
Portugal-Inglaterra – (Pauleta a “anhar” enquanto o resto da equipa se esforça por ganhar)
Portugal-França – (4’: Cristiano Ronaldo ziguezagueou pelo flanco esquerdo. Ele passou a bola no meio do campo para Deco que conseguiu abrir bem o espaço. O meio-campista do Barcelona disparou um chute fraco em direção ao gol, que Barthez espalmou na direção de Pauleta, mas o atacante não conseguiu finalizar a jogada.
24’: O time de Luiz Felipe Scolari fez uma troca de passe brilhante entre Deco, Ronaldo e Maniche. Enfim, Pauleta conseguiu a posse da bola pela esquerda, mas seu lançamento para a área foi muito longo, e Ronaldo não chegou a tempo.
53´: Pauleta criou a primeira oportunidade de Portugal no segundo tempo. Ele passou por Lilian Thuram e ficou de cara para o gol, mas chutou pelo lado de fora da rede.
In http://fifaworldcup.yahoo.com/06/pt/060705/1/73c7.html) (mais uma vez a “anhar”)
Portugal-Alemanha – Senhoras e senhores, o prémio ao jogador menos produtivo da seleção portuguesa, é ser promovido a capitão de equipa, pela ausencia de Luís Figo. Extraordinário, sr. Scolari!!
(15': Simão Sabrosa encontrou Pauleta com um belo passe, mas com apenas Oliver Kahn a ser batido, o atacante português chutou a bola direto para o goleiro, que joga sua primeira partida nesta Copa do Mundo da FIFA.
88’: Luis Figo colocou uma grande bola dentro da área e Nuno Gomes foi deixado com a fácil tarefa de mandar a bola além de Kahn, fazendo o gol de honra de Portugal. (3 a 1) (da mesma fonte que o descrito acima)
Mas o que é extraordinário é que Pauleta já anda a “anhar” desde o último Mundial em 2002. Enquanto Nuno Gomes entra em campo e marca, como seria de se esperar. Será que Nuno Gomes ainda está de castigo por ter dado umas lambadas nos franceses aqui há 6 anos? Será que Scolari tem uma paixão secreta por Pauleta? Pauleta é uma treta? E Scolari também? Eu proponho que no próximo 10 de Junho, o sr. Presidente da República Portuguesa, faça de Pauleta cavaleiro, mas CAVALEIRO ANHANTE!!!
E mais não digo, e aqui dou por encerrada a época de taberna da Burra, vamos a banhos!
P.S.- No entanto soube muito bem ter os meus amigos espanhóis, argentinos e brasileiros a apoiarem a seleção portuguesa. Antes era ao contrário!
Portugal-Angola – (Pauleta marca um golo posto nos pés dele por Luís Figo, à boca da baliza, passa o resto do jogo a “anhar”)
Portugal-Irão – (Pauleta passa o jogo todo a “anhar”, e a única opurtunidade que tem de fazer um golo, choca com um jogador da equipa contrária)
Portugal-México – (Pauleta nem tira o colete do Mundial, nem sai do banco por ter muitos cartões amarelos)
Portugal-Holanda – (Pauleta passa o jogo todo a “anhar”, e quando tem a baliza aberta, chuta à queima-roupa do guarda-redes Van Der Sar)
Portugal-Inglaterra – (Pauleta a “anhar” enquanto o resto da equipa se esforça por ganhar)
Portugal-França – (4’: Cristiano Ronaldo ziguezagueou pelo flanco esquerdo. Ele passou a bola no meio do campo para Deco que conseguiu abrir bem o espaço. O meio-campista do Barcelona disparou um chute fraco em direção ao gol, que Barthez espalmou na direção de Pauleta, mas o atacante não conseguiu finalizar a jogada.
24’: O time de Luiz Felipe Scolari fez uma troca de passe brilhante entre Deco, Ronaldo e Maniche. Enfim, Pauleta conseguiu a posse da bola pela esquerda, mas seu lançamento para a área foi muito longo, e Ronaldo não chegou a tempo.
53´: Pauleta criou a primeira oportunidade de Portugal no segundo tempo. Ele passou por Lilian Thuram e ficou de cara para o gol, mas chutou pelo lado de fora da rede.
In http://fifaworldcup.yahoo.com/06/pt/060705/1/73c7.html) (mais uma vez a “anhar”)
Portugal-Alemanha – Senhoras e senhores, o prémio ao jogador menos produtivo da seleção portuguesa, é ser promovido a capitão de equipa, pela ausencia de Luís Figo. Extraordinário, sr. Scolari!!
(15': Simão Sabrosa encontrou Pauleta com um belo passe, mas com apenas Oliver Kahn a ser batido, o atacante português chutou a bola direto para o goleiro, que joga sua primeira partida nesta Copa do Mundo da FIFA.
88’: Luis Figo colocou uma grande bola dentro da área e Nuno Gomes foi deixado com a fácil tarefa de mandar a bola além de Kahn, fazendo o gol de honra de Portugal. (3 a 1) (da mesma fonte que o descrito acima)
Mas o que é extraordinário é que Pauleta já anda a “anhar” desde o último Mundial em 2002. Enquanto Nuno Gomes entra em campo e marca, como seria de se esperar. Será que Nuno Gomes ainda está de castigo por ter dado umas lambadas nos franceses aqui há 6 anos? Será que Scolari tem uma paixão secreta por Pauleta? Pauleta é uma treta? E Scolari também? Eu proponho que no próximo 10 de Junho, o sr. Presidente da República Portuguesa, faça de Pauleta cavaleiro, mas CAVALEIRO ANHANTE!!!
E mais não digo, e aqui dou por encerrada a época de taberna da Burra, vamos a banhos!
P.S.- No entanto soube muito bem ter os meus amigos espanhóis, argentinos e brasileiros a apoiarem a seleção portuguesa. Antes era ao contrário!
domingo, julho 09, 2006
sexta-feira, junho 16, 2006
quinta-feira, maio 18, 2006
quarta-feira, maio 10, 2006
Futebois e Música
Como diz o velho ditado, se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé, que é como quem diz, já que eu não vou ao futebol, o futebol veio até mim. Tive o prazer de na semana passada gravar a música para a página web de um famosíssimo futebolista do clube aqui da terra. Pois foi! Toquei tudo aquilo que podem ouvir, menos a voz e a flautinha da melodia. E bola p’ra frente que a Champions é nossa!!!!!!
A propósito, aproveitando o tom de taberna, este domingo passado eram 1.200.000 (isso mesmo, um milhão e duzentos mil) a dar as gracias ao Barça por ter ganho a Liga Espanhola. É que realmente............
A propósito, aproveitando o tom de taberna, este domingo passado eram 1.200.000 (isso mesmo, um milhão e duzentos mil) a dar as gracias ao Barça por ter ganho a Liga Espanhola. É que realmente............
quinta-feira, maio 04, 2006
Swing No Pé
E a princesinha fez-se rainha!! Finalmente consegui comprar o último disco de Sara Tavares, e desde então tem sido audição obrigatória quase todos os dias, cá em casa. E quanto mais o ouço, mais gosto. Este disco tem o raro efeito em mim, de não gostar mais de um tema do que de outro, mas sim do disco todo! Quando começo a ouvi-lo, tenho que o ouvir até ao fim, e se tenho que interromper por alguma razão, fico com pena de não ouvir o resto.
Sara Tavares é daqueles seres mágicos descritos nas mitologias. Uma vez que se cruza no nosso caminho é impossível esquecer o impacto. E quando se analisa o porquê desse impacto, chega-se à conclusão que nada se passou de especial, ela apenas É assim. Quem teve o previlégio de privar com ela, sabe do que estou a falar. Sara vive da sua própria luz, como dizia Djavan numa canção, um sol interior que resplandece e toca tudo e todos à sua volta. E isso está patente neste disco. Eu poderia traçar longas críticas teoricas sobre a maneira como ela compôs, arranjou e produziu este disco (tudo feito por ela), mas seria absolutamente ridículo e inútil. É tudo emoção, intuição, amor, fé fluindo pelas vozes e instrumentos com uma maestria tão natural e fluida que é impossível imaginar os temas de outra maneira. Como compositor, arranjador e produtor, cada vez que ouço o disco aprendo uma lição nova.
Além de tudo isto, Sara conseguiu uma coisa que eu acho bastante notável, e que acredito que não foi de maneira alguma intencional. Materializar aquilo que eu ando a falar há mais de vinte anos: a riqueza cultural da lusofonia. Sempre defendi que Lisboa tem uma situação previlegiada para dar corpo a essa riqueza cultural e mostrá-la ao mundo. Mas infelizmente Portugal continua desde há muitos anos a ser dirigido por “velhos do Restelo”, que ignoram as culturas crioulas resultantes do antigo império. Não sei se alguém já reparou, mas os brasileiros não têm muito a ver com o resto dos sulamericanos, nem os angolanos, moçambicanos, sãotomenses e caboverdianos com o resto dos africanos, nem os goeses com o resto dos indianos. De resto, nem sequer os portugueses com o resto dos europeus. Existe uma idiossincrasia resultado de meio milénio de convivências. Existe por si só, ainda que os “velhos do Restelo” a ignorem. Talvez por causa desses “velhos do Restelo” é que este disco da Sara saiu através de uma editora holandesa, editora essa que teve a coragem de delegar numa artista com menos de 30 anos, e pouco conhecida fora de Portugal, a responsabilidade de produzir o seu próprio disco. E não se arrependeu! Não conheço em Portugal nenhuma editora que o fizesse, ou melhor, mesmo fora de Portugal, não estou a ver, no panorama actual, qual a editora que o fizesse. E esse facto faz-me também dar os parabéns à World Connection, por ter arriscado desta maneira. Foi uma escolha inteligente, ao velho estilo daquilo que se fazia há 30 anos atrás: confiar nos artistas que se contractava, e pôr-lhes meios à disposição para criarem. Dessa política sairam discos de referência ainda hoje, passados 30 anos. E hoje, graças a essa política, Balancê é um sério candidato a disco de referência, também. Já o é, para mim. Só não entendo a estupidez de contrariar esta política editorial, pois afinal é a mais natural, porque foi para isso que as editoras se criaram.
Europeus?
“- Os portugueses, europeus?- Riu-se com mansidão – Nunca foram. Não o eram antes e não o são hoje. Quando conseguirem que Portugal se transforme sinceramente numa nação europeia o país deixará de existir. Repare: os portugueses construíram a sua identidade por oposição à Europa, ao Reino de Castela, e como estavam encurralados lançaram-se ao mar e vieram ter aqui, fundaram o Brasil, colonizaram Àfrica. Ou seja, escolheram não ser europeus” José Eduardo Agualusa in “Um Estranho em Goa”
terça-feira, abril 25, 2006
25 de Abril..........Sempre?
Recebi há dias no meu email uma mensagem com o texto que se segue. Exponho-o aqui, não por concordar, ou não com ele, mas apenas para dar-vos a conhecer uma outra visão da coisa, e deixar-vos comentar ou não. Também não estou 100% seguro da autoria do mesmo, apenas o exponho, tal qual me chegou. Bom feriado a todos.
O 25 DE ABRIL E A HISTÓRIADe: António José Saraiva Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril.Na perspectiva de então havia dois problemas principais a resolver com urgência. Eram eles a descolonização e a liquidação do antigo regime.Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes: o exército português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa; havia uma doutrina, a exposta no livro Portugal e o Futuro do general Spínola, que tivera a aceitação nacional, e poderia servir de ponto de partida para uma base maleável de negociações. As possibilidades eram ou um acordo entre as duas partes, ou, no caso de este não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa.Todavia, o acordo não se realizou, e retirada não houve, mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir. Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército, não estava interessadonum acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte da África na zona soviética. O essencial era não dar tempo de resposta às potências ocidentais. De facto, o que aconteceu nas antigas colónias portuguesas insere-se na estratégia africana da URSS, como os acontecimentos subsequentes vieram mostrar. Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de «revolucionários». E nisso foram ajudados por homens políticos altamente responsáveis, que lançaram palavras de ordem de capitulação e desmobilização num momento em que era indispensável manter a coesão e o moral do exército para que a retirada em ordem ou o acordo fossem possíveis. A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos, e em qualquer caso destituídos de sentimento nacional. Não é ao soldadinho que se deve imputar esta fuga vergonhosa, mas dos que desorganizaram conscientemente a cadeia de comando, aos que lançaram palavras de ordem que nas circunstâncias do momento eram puramente criminosas.Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve. O outro problema era da liquidação do regime deposto. Os políticos aceitaram e aplaudiram a insurreição dos capitães, que vinha derrubar um governo, que segundo eles, era um pântano de corrupção e que se mantinha graças ao terror policial: impunha-se, portanto, fazer o seu julgamento, determinar as responsabilidades, discriminar entre o são e o podre, para que a nação pudesse começar uma vida nova. Julgamento dentro das normas justas, segundo um critério rigoroso e valores definidos.Quanto aos escândalos da corrupção, de que tanto se falava, o julgamento simplesmente não foi feito. O povo português ficou sem saber se as acusações que se faziam nos comícios e nos jornais correspondiam a factos ou eram simplesmente atoardas. O princípio da corrupção não foi responsavelmente denunciado, nem na consciência pública se instituiu o seu repúdio. Não admira por isso que alguns homens políticos se sentissem encorajados a seguir pelo mesmo caminho, como se a corrupção impune tivesse tido a consagração oficial. Em qualquer caso já hoje não é possível fazer a condenação dos escândalos do antigo regime, porque outras talvez piores os vieram desculpar.Quanto ao terror policial, estabeleceu-se uma confusão total.Durante longos meses, esperou-se uma lei que permitisse levar a tribunal a PIDE-DGS. Ela chegou, enfim, quando uma parte dos eventuais acusados tinha desaparecido e estabelecia um número surpreendentemente longo de atenuantes, que se aplicavam praticamente a todos os casos. A maior parte dos julgados saiu em liberdade. O público não chegou a saber, claramente; as responsabilidades que cabiam a cada um. Nem os acusadores ficaram livres da suspeita de conluio com os acusados, antes e depois do 25 de Abril.Havia, também, um malefício imputado ao antigo regímen, que era o dos crimes de guerra, cometidos nas operações militares do Ultramar. Sobre isto lançou-se um véu de esquecimento. As Forças Armadas Portuguesas foram alvo de suspeitas que ninguém quis esclarecer e que, por isso, se transformaram em pensamentos recalcados. Em resumo, não se fez a liquidação do antigo regímen, como não se fez a descolonização. Uns homens substituíram outros, quando os homens não substituíram os mesmos; a um regímen monopartidário substituiu-se um regímen pluripartidário. Mas não se estabeleceu uma fronteira entre o passado e o presente. Os nossos homens públicos contentaram-se com uma figura de retórica: «a longa noite fascista». Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquios, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver. Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco.Ao contrário das esperanças de alguns, não se começou vida nova, mas rasgou-se um véu que encubra uma realidade insuportável. Para começar, escreveu-se na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa história e que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de nação. Está escrita e não pode ser arrancada do livro. É preciso lê-la com lágrimas de raiva e tirar dela as conclusões, por mais que nos custe. Começa por aí o nosso resgate. Portugal está hipotecado por esse débito moral, enquanto não demonstrar que não é aquilo que o 25 de Abril revelou. As nossas dificuldades presentes, que vão agravar-se no futuro próximo, merecemo-las, moralmente. Mas elas são uma prova e uma oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então poderemos considerar-nos desipotecados e dignos do nome de povo livre e de nação independente. António José Saraiva
O 25 DE ABRIL E A HISTÓRIADe: António José Saraiva Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril.Na perspectiva de então havia dois problemas principais a resolver com urgência. Eram eles a descolonização e a liquidação do antigo regime.Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes: o exército português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa; havia uma doutrina, a exposta no livro Portugal e o Futuro do general Spínola, que tivera a aceitação nacional, e poderia servir de ponto de partida para uma base maleável de negociações. As possibilidades eram ou um acordo entre as duas partes, ou, no caso de este não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa.Todavia, o acordo não se realizou, e retirada não houve, mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir. Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército, não estava interessadonum acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte da África na zona soviética. O essencial era não dar tempo de resposta às potências ocidentais. De facto, o que aconteceu nas antigas colónias portuguesas insere-se na estratégia africana da URSS, como os acontecimentos subsequentes vieram mostrar. Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de «revolucionários». E nisso foram ajudados por homens políticos altamente responsáveis, que lançaram palavras de ordem de capitulação e desmobilização num momento em que era indispensável manter a coesão e o moral do exército para que a retirada em ordem ou o acordo fossem possíveis. A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos, e em qualquer caso destituídos de sentimento nacional. Não é ao soldadinho que se deve imputar esta fuga vergonhosa, mas dos que desorganizaram conscientemente a cadeia de comando, aos que lançaram palavras de ordem que nas circunstâncias do momento eram puramente criminosas.Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve. O outro problema era da liquidação do regime deposto. Os políticos aceitaram e aplaudiram a insurreição dos capitães, que vinha derrubar um governo, que segundo eles, era um pântano de corrupção e que se mantinha graças ao terror policial: impunha-se, portanto, fazer o seu julgamento, determinar as responsabilidades, discriminar entre o são e o podre, para que a nação pudesse começar uma vida nova. Julgamento dentro das normas justas, segundo um critério rigoroso e valores definidos.Quanto aos escândalos da corrupção, de que tanto se falava, o julgamento simplesmente não foi feito. O povo português ficou sem saber se as acusações que se faziam nos comícios e nos jornais correspondiam a factos ou eram simplesmente atoardas. O princípio da corrupção não foi responsavelmente denunciado, nem na consciência pública se instituiu o seu repúdio. Não admira por isso que alguns homens políticos se sentissem encorajados a seguir pelo mesmo caminho, como se a corrupção impune tivesse tido a consagração oficial. Em qualquer caso já hoje não é possível fazer a condenação dos escândalos do antigo regime, porque outras talvez piores os vieram desculpar.Quanto ao terror policial, estabeleceu-se uma confusão total.Durante longos meses, esperou-se uma lei que permitisse levar a tribunal a PIDE-DGS. Ela chegou, enfim, quando uma parte dos eventuais acusados tinha desaparecido e estabelecia um número surpreendentemente longo de atenuantes, que se aplicavam praticamente a todos os casos. A maior parte dos julgados saiu em liberdade. O público não chegou a saber, claramente; as responsabilidades que cabiam a cada um. Nem os acusadores ficaram livres da suspeita de conluio com os acusados, antes e depois do 25 de Abril.Havia, também, um malefício imputado ao antigo regímen, que era o dos crimes de guerra, cometidos nas operações militares do Ultramar. Sobre isto lançou-se um véu de esquecimento. As Forças Armadas Portuguesas foram alvo de suspeitas que ninguém quis esclarecer e que, por isso, se transformaram em pensamentos recalcados. Em resumo, não se fez a liquidação do antigo regímen, como não se fez a descolonização. Uns homens substituíram outros, quando os homens não substituíram os mesmos; a um regímen monopartidário substituiu-se um regímen pluripartidário. Mas não se estabeleceu uma fronteira entre o passado e o presente. Os nossos homens públicos contentaram-se com uma figura de retórica: «a longa noite fascista». Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquios, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver. Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco.Ao contrário das esperanças de alguns, não se começou vida nova, mas rasgou-se um véu que encubra uma realidade insuportável. Para começar, escreveu-se na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa história e que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de nação. Está escrita e não pode ser arrancada do livro. É preciso lê-la com lágrimas de raiva e tirar dela as conclusões, por mais que nos custe. Começa por aí o nosso resgate. Portugal está hipotecado por esse débito moral, enquanto não demonstrar que não é aquilo que o 25 de Abril revelou. As nossas dificuldades presentes, que vão agravar-se no futuro próximo, merecemo-las, moralmente. Mas elas são uma prova e uma oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então poderemos considerar-nos desipotecados e dignos do nome de povo livre e de nação independente. António José Saraiva
segunda-feira, abril 24, 2006
Diada de Sant Jordi
Ontem celebrou-se uma das tradições mais bonitas da Catalunha: o dia de Sant Jordi (S.Jorge). Padroeiro da Catalunha. O dia de Sant Jordi não é apenas a celebração do padroeiro da Catalunha, mas é o equivalente ao dia dos namorados, e a tradição manda que elas ofereçam a eles um livro, e que eles ofereçam a elas uma rosa. Uma rosa por um livro, ou um livro por uma rosa. Pode parecer piegas ou saloio, mas eu acho esta tradição bonita.
terça-feira, março 28, 2006
Animalidades
Não gosto de touradas! Acho um espectáculo abjecto, sem sentido, senão o da sacralização da virilidade à custa do sofrimento alheio. Acontece com muitos automobilistas, e com o exército norte-americano, também. Sempre achei o circo um espectáculo patético, e muito mais com os pobres animais amestrados. Lembro-me da primeira vez que fui ao Jardim Zoológico, e de quando parei em frente ao célebre elefante do sino, olhar os seus olhos e sentir a sua humilhação resignada, mas também de sentir que ali havia vida. Vida com vontade própria, com alma, ainda que amordaçada. Com alma, sim, pois segundo a etimologia da palavra animal, provém do latim anima, que é a raiz da palavra alma.
Mais tarde li que os teósofos, que defendem a teoria da reencarnação, crêem que os animais pertencem a almas-grupo, ou seja, que cada espécie pertence a uma alma comum, e cada reencarnação aporta a experiência da sua existência encarnada ao resto do grupo da alma. Também defendem que o que diferencia o homem dos outros animais, não é a inteligência, mas sim a consciência. Da inteligência temos tido cada vez mais provas, de que é cada vez menos um exclusivo humano. Da consciência, eu mesmo suspeito que também não.
Hoje em dia considero-me uma pessoa incapaz de fazer mal a uma mosca.............literalmente, e no sentido budista do respeito por todas as formas de vida. Não, não sou budista, apenas tento ser coerente com aquilo que acredito, e acredito que uma mosca não merece morrer por ser mosca, assim como um touro não merece sofrer e morrer na arena, por ser touro. Nem uma foca merece morrer por ser foca e haver muitas. Segundo dizem também começa a haver demasiados seres humanos, e ninguém pratica o genocídio sob essa razão (outras igualmente estúpidas e crueis, sim). Mas antes de me considerar pessoa, homem, humano ou mamífero, sou um animal como outro qualquer. Existem outras diferenças entre os humanos e as outras espécies. Os humanos trabalham, os humanos matam-se em massa entre si, os humanos passam a vida buscando desesperadamente uma segurança ilusória com o fim de ignorar a inevitabilidade da morte. Os humanos quase sempre escolhem a pior alternativa para a liderança do seu grupo, os humanos têm sérias dificuldades de se integrarem no seu grupo, e tudo se processa numa aprendizagem anti-natural, os humanos julgam-se os donos do mundo. Os humanos matam outros animais para fins que não são o da alimentação de sobrevivência. Os humanos não se preocupam com a sobrevivência da sua própria espécie, mas sim do da sua própria classe dentro da espécie. Os humanos atribuem à palavra humano um sentido que pouco tem a ver com a realidade do que é um ser humano, mas sim do que todos gostariam que fosse. Os humanos dormem melhor quando se preocupam pelas grandes catástrofes humanitárias ou ecológicas, mas em nada alteram o seu quotidiano para que essas catástrofes não aconteçam. No entanto pensam em si mesmos como pessoas melhores do que as outras. Os humanos são extremamente arrogantes, quer quando o demonstram claramente, quer quando mais perigosamente o disfarçam. E por causa desse narcisismo delirante, o ser humano confia aos seus deuses o futuro da sua espécie, através das suas orações, livrado-se assim da sua quota-parte de responsabilidade, e podendo de novo, de alma limpa, sentir-se extremamente bem dentro da sua pele. Sim, o ser humano também é cínico! E cego! Cego porque apenas quer ver com os olhos de ver, e não com os de sentir, e assim afasta da sua vista tudo o que não quer ver, como a dona de casa badalhoca que varre o lixo para debaixo do tapete. Olhos que não vêem...
Tudo isto veio a propósito de uma posta do Cobre & Canela. Não acredito no fim do mundo, pois a Natureza é muito mais poderosa e sábia que todos os humanos juntos (basta relembrar quantos desastres naturais houveram nos últimos 2 anos). Mas começo a crer no fim da espécie humana, através do suicídio. No entanto, como diz um querido amigo meu "Se se entende, as coisas são como são. Se não se entende, as coisas são como são."
Mais tarde li que os teósofos, que defendem a teoria da reencarnação, crêem que os animais pertencem a almas-grupo, ou seja, que cada espécie pertence a uma alma comum, e cada reencarnação aporta a experiência da sua existência encarnada ao resto do grupo da alma. Também defendem que o que diferencia o homem dos outros animais, não é a inteligência, mas sim a consciência. Da inteligência temos tido cada vez mais provas, de que é cada vez menos um exclusivo humano. Da consciência, eu mesmo suspeito que também não.
Hoje em dia considero-me uma pessoa incapaz de fazer mal a uma mosca.............literalmente, e no sentido budista do respeito por todas as formas de vida. Não, não sou budista, apenas tento ser coerente com aquilo que acredito, e acredito que uma mosca não merece morrer por ser mosca, assim como um touro não merece sofrer e morrer na arena, por ser touro. Nem uma foca merece morrer por ser foca e haver muitas. Segundo dizem também começa a haver demasiados seres humanos, e ninguém pratica o genocídio sob essa razão (outras igualmente estúpidas e crueis, sim). Mas antes de me considerar pessoa, homem, humano ou mamífero, sou um animal como outro qualquer. Existem outras diferenças entre os humanos e as outras espécies. Os humanos trabalham, os humanos matam-se em massa entre si, os humanos passam a vida buscando desesperadamente uma segurança ilusória com o fim de ignorar a inevitabilidade da morte. Os humanos quase sempre escolhem a pior alternativa para a liderança do seu grupo, os humanos têm sérias dificuldades de se integrarem no seu grupo, e tudo se processa numa aprendizagem anti-natural, os humanos julgam-se os donos do mundo. Os humanos matam outros animais para fins que não são o da alimentação de sobrevivência. Os humanos não se preocupam com a sobrevivência da sua própria espécie, mas sim do da sua própria classe dentro da espécie. Os humanos atribuem à palavra humano um sentido que pouco tem a ver com a realidade do que é um ser humano, mas sim do que todos gostariam que fosse. Os humanos dormem melhor quando se preocupam pelas grandes catástrofes humanitárias ou ecológicas, mas em nada alteram o seu quotidiano para que essas catástrofes não aconteçam. No entanto pensam em si mesmos como pessoas melhores do que as outras. Os humanos são extremamente arrogantes, quer quando o demonstram claramente, quer quando mais perigosamente o disfarçam. E por causa desse narcisismo delirante, o ser humano confia aos seus deuses o futuro da sua espécie, através das suas orações, livrado-se assim da sua quota-parte de responsabilidade, e podendo de novo, de alma limpa, sentir-se extremamente bem dentro da sua pele. Sim, o ser humano também é cínico! E cego! Cego porque apenas quer ver com os olhos de ver, e não com os de sentir, e assim afasta da sua vista tudo o que não quer ver, como a dona de casa badalhoca que varre o lixo para debaixo do tapete. Olhos que não vêem...
Tudo isto veio a propósito de uma posta do Cobre & Canela. Não acredito no fim do mundo, pois a Natureza é muito mais poderosa e sábia que todos os humanos juntos (basta relembrar quantos desastres naturais houveram nos últimos 2 anos). Mas começo a crer no fim da espécie humana, através do suicídio. No entanto, como diz um querido amigo meu "Se se entende, as coisas são como são. Se não se entende, as coisas são como são."
sexta-feira, março 10, 2006
Amigos das Cantigas
Segundo o que disse o amigo Rogério Charraz, parece que este disco está de novo à venda, ou "ainda está" à venda (quiça restos de stock). Para aqueles que ficaram de beiço pendurado por não ter tido oportunidade de ficar com uma cópia quando foi editado (há precisamente 6 anos), talvez tenham agora oportunidade de adquirir aquele que foi o disco mais importante para mim até agora. Foi um curso acelerado de produção musical e executiva. Tudo tenho a agradecer ao Moz Carrapa e ao Jorge Avillez, principalmente, por me terem aturado e ajudado durante os 3 meses de trabalho de estúdio. Tenho também tudo a agradecer à minha família que me aturou e aguentou durante os 9 meses que durou o "parto" deste disco. Tenho também tudo a agradecer aos músicos que puseram o seu esforço e talento ao serviço deste disco.
terça-feira, fevereiro 28, 2006
A Página do Trabuquir (Rectificação)
Afinal, parece que os comentários da web do MySpace só são possíveis a quem já é membro do dito cujo. Como tal, “embuido” pelo mais alto espírito democrático, e não querendo forçar ninguém a inscrever-se no tal sítio (site em inglês), venho rectificar a anterior posição, e dizer a todos os que desejem comentar, que o podem fazer através da Burra. Pois é, nem tudo são flores, e os chavalos do MySpace estão na deles. Peço desde já desculpa aos que tentaram debalde deixar algum comentário lá. Como dizia a Mafalda (a do Quino): “A vida moderna, tem mais de moderna do que de vida”
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Visca Barça!!!!!
Não me lembro de uma equipa de futebol me emocionar tanto como este Barça, desde que a nossa selecção perdeu pela mão (extremamente dúbia) de Abel Xavier. E fazem-me recordar porque é que o futebol move paixões. Neste caso, o jogo da noite passada contra o Chelsea, significava muito mais do que a classificação para os quartos de final. Significava o calar a boca a um palhaço arrogante. "Pela boca morre o peixe", diz-se, e por muito bom treinador que seja, José Mourinho perde ocasiões de ouro de estar calado, ao fazer certas declarações rufias, desprezando os adversários. Pode ser que a massa associativa do Chelsea goste disso, mas fica-lhe muito mal, como fica a qualquer pessoa com a sua postura.
Nem a jogada baixa do polémico atraso da mudança da relva do campo o salvou. Na verdade estava uma vergonha! Um campo que mais parecia o de um jogo de solteiros e casados, do que o de uma competição europeia. O FC Barcelona "vine, vidi, vici". E foi um gostinho ver a cara de cu com que ficou o Mourinho ao ver as sucessivas rabetas que levava a sua equipa, apesar do esforço meritório. Uma ultima ressalva: o Barça podia ter disfarçado um pouco mais o "queimar-tempo" dos últimos minutos, além de ter perdido ocasiões de ouro para fazer o Chelsea "embolsar" uns quantos golos mais.
O prezado leitor deve estar surpreendido por me ver a comentar futebol, mas eu também gosto, e na verdade, é impossível ficar indiferente ao Barça. Não é por ter 3 ou 4 craques simpáticos, é porque realmente é uma equipa que funciona muito bem, e tem uma simbiose quase perfeita com o treinador. E ver uma equipa a jogar assim, dá gosto! Visca Barça!!!
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Página do Trabuquir
A Burra tem sido, e continuará a ser o meu sítio de divagações, desabafos, histerias e outras parvoíces. No entanto, venho fazer público, que lancei uma primeira pedra de uma web dedicada exclusivamente ao meu trabalho. Quem se importe com isso, ou tenha um incontrolável espírito bisbilhoteiro, dê uma saltada lá, e diga de sua justiça, se for o caso. Peço desde já que mantenham as coisas separadas (para não haver confusões). Se lhes apetece comentar a web, comentem lá! A Burra não gosta de ser incomodada com o meu trabalho. Há também uma ligaçãozinha no fim da lista das "Ligações Perigosas". O sítio (site em inglês) ainda não está a 100%, mas ando a trabalhar na coisa. De momento também tem blog, embora só lá tenha uma pequena nota redundante, mas que serve para dar largas ao meu carácter exibicionista como poliglota.
Grato pela vossa atenção
Grato pela vossa atenção
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Banha Na Carola
Foi-me enviado este email, pelo meu amigo Moz Carrapa (ver A Corveia), e não resisto partilhá-lo convosco. Bom apetite.
OBESIDADE MENTAL O prof. Andrew Oitke publicou um livro polémico: «Mental Obesity»,que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informaçãoe conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comunsque de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos,juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e políticos, os romancistas e realizadores de cinema.Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»O problema central está na família e na escola.«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma«alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance,violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamentede cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante,para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.Precisa sobretudo de dieta mental : COM QUALIDADE.
OBESIDADE MENTAL O prof. Andrew Oitke publicou um livro polémico: «Mental Obesity»,que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informaçãoe conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comunsque de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos,juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e políticos, os romancistas e realizadores de cinema.Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»O problema central está na família e na escola.«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma«alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance,violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamentede cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante,para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.Precisa sobretudo de dieta mental : COM QUALIDADE.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Outra Leitura
Facto 1 – Parece que as tais caricaturas surgiram numa publicação ultra-conservadora.
Facto 2 – Parece que o Imã de Copenhaga insurgiu-se directamente contra o governo dinamarquês, em vez de exigir desculpas públicas à tal publicação, nem apresentar queixa-crime por infâmia, e imediatamente enveredou por uma cruzada em busca de apoios à sua indignação
Facto 3 – Parece que os criacionistas norte-americanos já fizeram recentemente críticas mais duras e mordazes ao Islão, e não se levantaram tantas vozes discordantes.
Facto 4 – Tudo isto acontece quando o Irão e o seu programa nuclear estão em debate nas Nações Unidas. E também com um endurecimento religioso dos apoiantes de Bush, coincidindo com uma grande baixa da sua popularidade.
Facto 5 – Não há registo de qualquer tipo de manifestação da imensa comunidade muçulmana nos Estados Unidos.
Meus amigos.............isto cheira-me a esturro!!
Facto 2 – Parece que o Imã de Copenhaga insurgiu-se directamente contra o governo dinamarquês, em vez de exigir desculpas públicas à tal publicação, nem apresentar queixa-crime por infâmia, e imediatamente enveredou por uma cruzada em busca de apoios à sua indignação
Facto 3 – Parece que os criacionistas norte-americanos já fizeram recentemente críticas mais duras e mordazes ao Islão, e não se levantaram tantas vozes discordantes.
Facto 4 – Tudo isto acontece quando o Irão e o seu programa nuclear estão em debate nas Nações Unidas. E também com um endurecimento religioso dos apoiantes de Bush, coincidindo com uma grande baixa da sua popularidade.
Facto 5 – Não há registo de qualquer tipo de manifestação da imensa comunidade muçulmana nos Estados Unidos.
Meus amigos.............isto cheira-me a esturro!!
A Caricatura da Sociedade
Tenho normalmente uma simpatia pelos dinamarqueses, e pelos nórdicos em geral, que apesar de serem um pouco toscos, são pessoas geralmente simpáticas e inteligentes, e com bastante sentido de humor. Mas nesta história das caricaturas, acho que a inteligência pouco os ajudou. Realmente a Sandra Feliciano deve ter razão, e ando um pouco desatento, pois só me dei conta da história ontem. Mas voltando à história. Parece que o exemplo da reacção do Islão ao livro “Versículos Satânicos” de Salman Rushdie, anda um pouco esbatido na memória do pessoal. E da maneira como andam as coisas pelo mundo islâmico (com ou sem razão, não é isso que se discute aqui), publicar as tais caricaturas, é decididamente “cutucar a onça com vara curta”, como dizem os brasileiros. Foi realmente uma estupidez provocar gratuitamente a ira de uma parte importante da população mundial, sobejamente conhecida por não ter muito sentido de humor no que toca a assuntos religiosos, entre outros. E digo isto com algum conhecimento de causa, pois vivo num bairro de maioria muçulmana, onde provavelmente me terei que confrontar com algumas das acções de protesto, além de ter dado aulas a muçulmanos, também.
Esta posta vem na sequência de ter recebido um email com um texto publicado no blog Combustões, na base do “Mata o Mouro!!!”(onde não há direito a comentários, o que pode ter várias leituras), e que me incomodou o suficiente para escrever estas linhas. Não conheço o autor do texto em causa, mas parece-me uma pessoa com um certo eruditismo, e algum conhecimento histórico. Pena é que desse conhecimento histórico, só se lembre das negras façanhas dos muçulmanos, e não das dos europeus, e recordando as grandes contribuições dos europeus à civilização mundial, se esqueça das do Islão. Mas se tem fraca memória, ou memória selectiva, recordo aqui que a finais do primeiro milénio, aurora do segundo, o califato de Córdoba, era o farol da civilização mais avançada da época, tanto em termos tecnológicos, como em termos artísticos, contrastando enormemente com a grunharia que era a Europa Cristã. Se não fossem os àrabes, ainda andávamos a fazer contas em numeração romana (que dá tanto jeito com catar pulgas com uma luva de boxe), e que sem os conhecimentos de navegação àrabes, os portugueses nem sequer tinham chegado às Berlengas. Que no sul da Península Ibérica as povoações têm ruas onde a largura se vai alterando, e com isso provoca diferentes pressões de ar, fazendo o ar circular. Além de terem plantado laranjeiras na via pública, que ao mesmo tempo que mata a sede e a fome aos mais desafortunados, perfumava as ruas num tempo em que o saneamento básico era desconhecido.
Quero deixar bem claro, que não estou a fazer a apologia do mundo islâmico, e do seu mondus vivendi et operandi, mas parafraseando a grande frase do filme Spiderman “Um grande poder, acarreta grande responsabilidade”, e há que saber realmente do que é que se está a falar. E parece-me a mim que os europeus, tal como Napoleão, nos coroámos imperadores da razão, e tão cegos estamos com a luz que irradia do nosso idílico e paradisíaco mundo, que com toda a soberba e arrogância, queremos julgar e obrigar civilizações diferentes à nossa, a pensar e agir da mesma maneira que nós. Afinal onde é que está o tal politicamente correcto? Onde está o tal respeito pela diferença que tanto apregoamos? Sim, são apenas umas vulgares caricaturas que nos fazem esboçar um sorriso.........PARA NÓS!!!! Se isso ofende outras pessoas, que se lixem?? É essa a postura de uma sociedade dita moderna, tolerante e progressista? Não me parece. Mas também eu sou um mero plebeu europeu, que se aproveita da dita liberdade de expressão, para dar a minha opinião que ninguém pediu. No entanto, tenho abertura suficiente para permitir aos outros que contestem essas opiniões, dando-lhes a possibilidade de comentar. Não privo ninguém do direito de resposta, com receio de ler aquilo que não me convém.
Uma pequena ressalva, ainda acerca do post do blog Combustões: como estudante que fui, e amante que sou da História, aprendi que é perfeitamente obtuso e absurdo descontextualizar os feitos do passado, e trazê-los para o presente, para assim julgá-los e servir de suporte a uma qualquer teoria que nos apeteça. No entanto, reconheço que deve fazer com que nos sintamos melhor connosco próprios.
Esta posta vem na sequência de ter recebido um email com um texto publicado no blog Combustões, na base do “Mata o Mouro!!!”(onde não há direito a comentários, o que pode ter várias leituras), e que me incomodou o suficiente para escrever estas linhas. Não conheço o autor do texto em causa, mas parece-me uma pessoa com um certo eruditismo, e algum conhecimento histórico. Pena é que desse conhecimento histórico, só se lembre das negras façanhas dos muçulmanos, e não das dos europeus, e recordando as grandes contribuições dos europeus à civilização mundial, se esqueça das do Islão. Mas se tem fraca memória, ou memória selectiva, recordo aqui que a finais do primeiro milénio, aurora do segundo, o califato de Córdoba, era o farol da civilização mais avançada da época, tanto em termos tecnológicos, como em termos artísticos, contrastando enormemente com a grunharia que era a Europa Cristã. Se não fossem os àrabes, ainda andávamos a fazer contas em numeração romana (que dá tanto jeito com catar pulgas com uma luva de boxe), e que sem os conhecimentos de navegação àrabes, os portugueses nem sequer tinham chegado às Berlengas. Que no sul da Península Ibérica as povoações têm ruas onde a largura se vai alterando, e com isso provoca diferentes pressões de ar, fazendo o ar circular. Além de terem plantado laranjeiras na via pública, que ao mesmo tempo que mata a sede e a fome aos mais desafortunados, perfumava as ruas num tempo em que o saneamento básico era desconhecido.
Quero deixar bem claro, que não estou a fazer a apologia do mundo islâmico, e do seu mondus vivendi et operandi, mas parafraseando a grande frase do filme Spiderman “Um grande poder, acarreta grande responsabilidade”, e há que saber realmente do que é que se está a falar. E parece-me a mim que os europeus, tal como Napoleão, nos coroámos imperadores da razão, e tão cegos estamos com a luz que irradia do nosso idílico e paradisíaco mundo, que com toda a soberba e arrogância, queremos julgar e obrigar civilizações diferentes à nossa, a pensar e agir da mesma maneira que nós. Afinal onde é que está o tal politicamente correcto? Onde está o tal respeito pela diferença que tanto apregoamos? Sim, são apenas umas vulgares caricaturas que nos fazem esboçar um sorriso.........PARA NÓS!!!! Se isso ofende outras pessoas, que se lixem?? É essa a postura de uma sociedade dita moderna, tolerante e progressista? Não me parece. Mas também eu sou um mero plebeu europeu, que se aproveita da dita liberdade de expressão, para dar a minha opinião que ninguém pediu. No entanto, tenho abertura suficiente para permitir aos outros que contestem essas opiniões, dando-lhes a possibilidade de comentar. Não privo ninguém do direito de resposta, com receio de ler aquilo que não me convém.
Uma pequena ressalva, ainda acerca do post do blog Combustões: como estudante que fui, e amante que sou da História, aprendi que é perfeitamente obtuso e absurdo descontextualizar os feitos do passado, e trazê-los para o presente, para assim julgá-los e servir de suporte a uma qualquer teoria que nos apeteça. No entanto, reconheço que deve fazer com que nos sintamos melhor connosco próprios.
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
A Burra a Dar Música!!
Através do blog do amigo Rogério Charraz, tomei conhecimento da existência do blog do dr. Júlio Machado Vaz, que penso dispensa apresentações. Confio que muitos de vocês, como eu, se colaram ao ecrã da 2, semana após semana, a ouvir este homem que, pela primeira vez no nosso puritano país, chamava os bois pelos nomes em matéria de sexo. Acho que grande parte de nós lhes estamos agradecidos, dr. Júlio, nem que seja pelo doce despudor com que nos explicava, coisas que até pennsávamos saber, e afinal nem por isso.
Bom, acontece que o blog do dr. Júlio (O Murcon) tem música!!!! E como a inveja é uma merda, mas serve-nos de motor para muita coisa, lembrei-me que há uma série de anos, nos princípios do Cotonete, eu tinha feito uma rádio, da qual já nem me lembrava da password. Fui ao site, e depois de algumas tentativas frustradas, lá me lembrei da password, e entrei naquilo que eu pensava desaparecido para sempre no cyberespaço: a minha rádio!! A Burra Nas Couves Rádio!! Depois do email foi a primeira incursão da Burra no cyberespaço, e ainda mantinha a mesma lista feita no tempo em que se podia escolher por tema e por artista (agora já não se pode). Vai daí, adicionei-lhe umas coisinhas mais, e adicionei-a ao blog, para que o benvindo leitor destas linhas possa estar entretido a ouvir a música que eu curto (claro! O blog é meu!), dentro do leque musical que a Cotonete pôs ao dispôr do pessoal. Pois a partir de agora a Burra, além de dar tanga, também vos dá música.
Mas para além da música da Burra, visitem o Murcon, que vale a pena.
Beijinhos e abraços e outras manifestações de afecto
Bom, acontece que o blog do dr. Júlio (O Murcon) tem música!!!! E como a inveja é uma merda, mas serve-nos de motor para muita coisa, lembrei-me que há uma série de anos, nos princípios do Cotonete, eu tinha feito uma rádio, da qual já nem me lembrava da password. Fui ao site, e depois de algumas tentativas frustradas, lá me lembrei da password, e entrei naquilo que eu pensava desaparecido para sempre no cyberespaço: a minha rádio!! A Burra Nas Couves Rádio!! Depois do email foi a primeira incursão da Burra no cyberespaço, e ainda mantinha a mesma lista feita no tempo em que se podia escolher por tema e por artista (agora já não se pode). Vai daí, adicionei-lhe umas coisinhas mais, e adicionei-a ao blog, para que o benvindo leitor destas linhas possa estar entretido a ouvir a música que eu curto (claro! O blog é meu!), dentro do leque musical que a Cotonete pôs ao dispôr do pessoal. Pois a partir de agora a Burra, além de dar tanga, também vos dá música.
Mas para além da música da Burra, visitem o Murcon, que vale a pena.
Beijinhos e abraços e outras manifestações de afecto
domingo, janeiro 29, 2006
Presidenciais 2006
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra
Ninguém sabe que coisa quer
Ninguém conhece que alma tem
Nem o que é mal nem o que é bem
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro
Tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
Fernando Pessoa (10/12/1928)
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra
Ninguém sabe que coisa quer
Ninguém conhece que alma tem
Nem o que é mal nem o que é bem
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro
Tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
Fernando Pessoa (10/12/1928)
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Crónica de Portugal
Primeiro foi a luz. Já não estava habituado à luz de Lisboa, e fiquei a entender o fascínio que alguns realizadores de cinema têm com Portugal. Em Portugal a luz brilha de outra forma, mais intensa, mais brilhante, arrancando as cores dos seus sítios e metendo-as pelos olhos adentro. E ao sentir essa intensidade luminosa, era-me difícil conter um sorriso e uma comoção. Pensei que talvez tivesse passado demasiado tempo fora, mas por outro lado, se não tivesse, agora não poderia disfrutar tanto, e notar a diferença.
Seguidamente, foi baixar à terra, e enfrentar-me à burocracia do aeroporto, para tentar resgatar o meu saco da roupa, esquecido na passadeira das bagagens. Já me tinha esquecido que em termos laborais, uma das características dos portugueses é encontrarem um problema para cada solução, e que as medidas tomadas pelas administrações de empresas servem apenas para facilitar a vida aos seus administradores e altos cargos, nunca os seus empregados e muito menos os utentes.
Depois, o reencontro com a família, com o bairro, com alguns dos seus habitantes, alguns amigos de há muitos anos, e o recordar de antigas histórias entre uma ou outra anedota. O café sempre óptimo, e a comida, sempre muita e sempre saborosíssima. Com a noite veio um pouco mais de solidão, mas também o recordar de cheiros e ruídos, de locais onde quase já não encontro ninguém conhecido. E caminhei em passos perdidos por essa Almada velha, meio remendada, meio decadente, observando esquinas e fachadas, cheirando o vento, e abandonando-me às minhas memórias.
Depois fazer-me a Lisboa, e sobre a ponte emocionar-me com a vista desse mar imenso que é o Tejo. Recordar os milhões de vezes que o atravessei, fosse por ponte ou preferentemente, por barco.
Não sei se pela proximidade do Natal, se por outra razão, fiquei com a sensação que as pessoas tinham “tirado férias” do pessimismo gerado pela crise. Por outro lado, ao deparar-me mais, ao vivo e a cores, da situação política (em plena campanha presidencial), que a classe política vive cada vez mais numa dimensão paralela, em que qualquer semelhança com o país real é pura coincidência, de tão grotesca e desfasada que está. E o povo também se comporta como se já nada tivesse a ver com aquilo.
Bom, mas voltando à “poesia”. O reencontro com velhos amigos e colegas, também foi emocionante, e tive a sorte de coincidir com a última festa de aniversário do B.Leza, à qual se seguiria o seu definitivo encerramento, por ordem de tribunal. A noite de Lisboa ficará certamente mais triste. Depois do encerramento do Ritz Club, os espaços alternativos às discotecas são cada vez menos. Dentro de pouco só se poderá abanar o esqueleto ao som da martelada.
Dias depois veio Aveiro, Porto, Coimbra e a serra de Sintra, onde agora é preciso pagar para entrar no recinto da Pena, e em Monserrate. Pensei que os impostos que a malta paga já serviam para a manutenção daquilo tudo, mas enganei-me, pelos vistos. Em toda a minha vida só me lembro de pagar para entrar no palácio da Pena, nunca no recinto.
A ria de Aveiro sempre bela, e o jantar em Gaia, junto ao Douro, com vista para o Porto do outro lado, é algo indiscritível, mágico. Coimbra também sempre bela, dividida entre os dois mundos da baixa e da Praça da República.
Depois foi o trabalho que fui fazer, e o encontro com a extraordinária abnegação dos amigos/colegas, que me ajudaram a levar a cabo esse trabalho. O conseguir juntar 3 pessoas que há mais de 10 anos não trabalhavam juntas, e de uma importante quarta pessoa, que dedicou o seu dia de aniversário para trabalhar connosco. Tudo isso deixou-me sem palavras, nem gestos de gratidão. A seu tempo, caros leitores, saberão do quê e de quem estou a falar.
A noite de Ano Novo, passada inesperadamente em casa da Lígia, que foi DJ do lendário Frágil, durante anos a fio, foi do melhor! Passar o ano no Bairro Alto, a ouvir a melhor música de dança possível, Lígia no seu melhor!
Na penúltima noite, após um jantar de trabalho, fui presenteado com a volta a casa dos meus pais, em cacilheiro. Os 10 minutos da travessia pareceram-me eternos de tantas memórias que me suscitaram, de outras tantas viagens, a ver as luzes dos barcos ao longe, o marulhar das ondas junto ao casco do barco, Lisboa a afastar-se, mostrando a Rua do Alecrim até ao Camões, e o Terreiro do Paço meio de esguelha, com a sua imponência reduzida por uma ridícula àrvore de natal gigantesca. Na margem-sul, de Alcochete a Almada, as pequenas luzes parecem espectadores do grande luzeiro que é Lisboa. De repente, por cima do Terreiro do Paço, vejo surgir a Sé, o Castelo de S. Jorge, e mais atrás o Panteão e S. Vicente de Fora. Magnífico! Por muitos anos que veja esta paisagem, nunca me cansarei. Assim como ver o Porto desde Gaia, ou Coimbra desde o Portugal dos Pequeninos, ou tantas outras maravilhosas paisagens do nosso país.
A última noite foi passada, também com amigos/colegas no Musicais, vendo-os fazer um tributo aos Led Zeppelin, e aí encontrei ainda mais amigos/colegas, alguns que já não via há muitos anos.
Nem as atribulações causadas pela incompetência do pessoal do aeroporto no dia seguinte, conseguiram diminuir a luz que luzia em mim ao voltar para casa.
Seguidamente, foi baixar à terra, e enfrentar-me à burocracia do aeroporto, para tentar resgatar o meu saco da roupa, esquecido na passadeira das bagagens. Já me tinha esquecido que em termos laborais, uma das características dos portugueses é encontrarem um problema para cada solução, e que as medidas tomadas pelas administrações de empresas servem apenas para facilitar a vida aos seus administradores e altos cargos, nunca os seus empregados e muito menos os utentes.
Depois, o reencontro com a família, com o bairro, com alguns dos seus habitantes, alguns amigos de há muitos anos, e o recordar de antigas histórias entre uma ou outra anedota. O café sempre óptimo, e a comida, sempre muita e sempre saborosíssima. Com a noite veio um pouco mais de solidão, mas também o recordar de cheiros e ruídos, de locais onde quase já não encontro ninguém conhecido. E caminhei em passos perdidos por essa Almada velha, meio remendada, meio decadente, observando esquinas e fachadas, cheirando o vento, e abandonando-me às minhas memórias.
Depois fazer-me a Lisboa, e sobre a ponte emocionar-me com a vista desse mar imenso que é o Tejo. Recordar os milhões de vezes que o atravessei, fosse por ponte ou preferentemente, por barco.
Não sei se pela proximidade do Natal, se por outra razão, fiquei com a sensação que as pessoas tinham “tirado férias” do pessimismo gerado pela crise. Por outro lado, ao deparar-me mais, ao vivo e a cores, da situação política (em plena campanha presidencial), que a classe política vive cada vez mais numa dimensão paralela, em que qualquer semelhança com o país real é pura coincidência, de tão grotesca e desfasada que está. E o povo também se comporta como se já nada tivesse a ver com aquilo.
Bom, mas voltando à “poesia”. O reencontro com velhos amigos e colegas, também foi emocionante, e tive a sorte de coincidir com a última festa de aniversário do B.Leza, à qual se seguiria o seu definitivo encerramento, por ordem de tribunal. A noite de Lisboa ficará certamente mais triste. Depois do encerramento do Ritz Club, os espaços alternativos às discotecas são cada vez menos. Dentro de pouco só se poderá abanar o esqueleto ao som da martelada.
Dias depois veio Aveiro, Porto, Coimbra e a serra de Sintra, onde agora é preciso pagar para entrar no recinto da Pena, e em Monserrate. Pensei que os impostos que a malta paga já serviam para a manutenção daquilo tudo, mas enganei-me, pelos vistos. Em toda a minha vida só me lembro de pagar para entrar no palácio da Pena, nunca no recinto.
A ria de Aveiro sempre bela, e o jantar em Gaia, junto ao Douro, com vista para o Porto do outro lado, é algo indiscritível, mágico. Coimbra também sempre bela, dividida entre os dois mundos da baixa e da Praça da República.
Depois foi o trabalho que fui fazer, e o encontro com a extraordinária abnegação dos amigos/colegas, que me ajudaram a levar a cabo esse trabalho. O conseguir juntar 3 pessoas que há mais de 10 anos não trabalhavam juntas, e de uma importante quarta pessoa, que dedicou o seu dia de aniversário para trabalhar connosco. Tudo isso deixou-me sem palavras, nem gestos de gratidão. A seu tempo, caros leitores, saberão do quê e de quem estou a falar.
A noite de Ano Novo, passada inesperadamente em casa da Lígia, que foi DJ do lendário Frágil, durante anos a fio, foi do melhor! Passar o ano no Bairro Alto, a ouvir a melhor música de dança possível, Lígia no seu melhor!
Na penúltima noite, após um jantar de trabalho, fui presenteado com a volta a casa dos meus pais, em cacilheiro. Os 10 minutos da travessia pareceram-me eternos de tantas memórias que me suscitaram, de outras tantas viagens, a ver as luzes dos barcos ao longe, o marulhar das ondas junto ao casco do barco, Lisboa a afastar-se, mostrando a Rua do Alecrim até ao Camões, e o Terreiro do Paço meio de esguelha, com a sua imponência reduzida por uma ridícula àrvore de natal gigantesca. Na margem-sul, de Alcochete a Almada, as pequenas luzes parecem espectadores do grande luzeiro que é Lisboa. De repente, por cima do Terreiro do Paço, vejo surgir a Sé, o Castelo de S. Jorge, e mais atrás o Panteão e S. Vicente de Fora. Magnífico! Por muitos anos que veja esta paisagem, nunca me cansarei. Assim como ver o Porto desde Gaia, ou Coimbra desde o Portugal dos Pequeninos, ou tantas outras maravilhosas paisagens do nosso país.
A última noite foi passada, também com amigos/colegas no Musicais, vendo-os fazer um tributo aos Led Zeppelin, e aí encontrei ainda mais amigos/colegas, alguns que já não via há muitos anos.
Nem as atribulações causadas pela incompetência do pessoal do aeroporto no dia seguinte, conseguiram diminuir a luz que luzia em mim ao voltar para casa.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Degelo esperado para breve
É só para dizer que espero estar para breve o degelo da Burra. Desde que cheguei de Portugal, nem deixaram a bola tocar no chão! Tem sido uma roda viva de trabalho, como podem constatar no recém-criado calendário. Qualquer dia entro em casa e não me conhecem, e chamam a polícia. Agradeço do coração o carinho e paciência dos visitantes deste blog. Não por falta do que dizer, é mesmo falta de tempo.
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